Fêmea ninho.

Choro sim

Nós mulheres temos muito o que provar

Não nas dores

Nas vozes

Preciso falar

Não me fale “fique quieta

Escute

Se suportar

Dói aqui

Ofende ali

Não é sua voz alta e grossa

Que há de me calar

Falo

Posso até morrer

Não é o teu falo que há de me calar

Sofro

Logo existo

No meu coração

Sei bem o que está a perturbar

Dor que tu não enxergas

Que pena

Seu interesse não é o único

Que irá perdurar

Como os meus… gritam

Sofro

Que pena

O amanhã dirá

Choro

Sacrifício

Caminhos diferentes a trilhar

O que será?

Tuas lágrimas salgadas

São iguais às minhas

Pare de querer me assustar

Preciso de ajuda

Como você

Somos seres humanos

No ato de amar

Que nosso filho vingue

Agora só sei chorar

E escutar

Vozes que perturbam

Sou assim

Começo e fim

Exercício de amar.

 

Não terei sono nunca enquanto escutar o som feminino…dói.

12 comentários

  1. Um poema inquietante, como despois de tantos anos ainda existem estes gritos? o poder está em todos os que querem a mudança, e essa começa nos milhares de berços, revolta-me existirem mulheres que ainda não educam os filhos para a igualdade, para a igualdade de tarefas, direitos e deveres… parabéns adorei!

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