Talento, tá lento?

“Você tem muita sorte por estar morando fora do país”.

Não meu amigo, vamos aprender à nomear as coisas (adorei isso depois que aprendi no blog Lithium), eu tenho é muita responsabilidade por essa oportunidade.

Se num dia como ontem vocês comemoraram Independência ou Morte, aqui não é diferente.

Falo da responsabilidade no sentido de deveres e de entregas. Não vou ficar aqui enumerando as 1001 habilidades que tive que aprender para a adaptação sendo estrangeira. Quero mesmo é falar da responsabilidade interpessoal.

Se tem uma coisa que aprendi com a depressão é que não adianta se fechar num mundinho de auto proteção que tem telhado de vidro.

Ontem foram os colonizadores que chegaram no Brasil, hoje vou ao mercado aqui e vejo um alemão procurando por manteiga, ele pediu informação para três pessoas e escutou Ich spreche ein bisschen Deutsch (falo pouco alemão). Vi seu olhar de se sentir minoria na própria terra.

Complexa né essa globalização. Como também é complexo se não colocarmos nossas ideias para trabalhar para a gente, e ficarmos entregues aos pólos: compassivo ou colérico.

Já falei e repito, se aí ronda a insegurança, aqui o terrorismo, se aí ronda o panelaço, aqui um nacionalismo reprimido. O fato é que por qualquer canto há um chamado para a responsabilidade social, que é muito mais do que defender o próprio cantinho.

Carl Jung disse: “Se você é uma pessoa talentosa, isso não significa que você ganhou algo. Significa que você tem algo a oferecer.”

Quais são e como estão os seus talentos? Já leram a parábola dos talentos?

Talento, sorte, responsabilidade ou como preferir nomear o entregar-se para um mundo mais digno de viver. Eles estão mais para talentos ou tá lento?

Perdemos nossa potência quando não nos atualizamos à realidade e não realizamos o melhor que podemos fazer.

Volto a dizer que esse é um assunto sobre a responsabilidade (do ser e do dever) que cada um carregamos em qualquer lugar e condição.

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7 comentários

  1. Um dos aspectos que mais insisto com os/as educandos/as diz respeito à assumir responsabilidades na vida… não cair na má-fé (tentativa de fuga da responsabilidade) conforme nos ensina Sartre… um dos elementos que atrapalham o processo de amadurecimento para a responsabilidade é a troca da responsabilidade pela culpa: a responsabilidade é algo a ser assumido pelo próprio homem… já a culpa é algo a ser resolvido com Deus… eis a raiz do problema. Bom final de semana Cris.

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  2. Verdade, mas nesse ponto nós brasileiros levamos vantagens, explico: por estarmos muitas vezes insatisfeito com a política no Brasil, o brasileiro tornou-se autodidata em relações exteriores, falamos e até conhecemos as tradições de diversos países do mundo o que não ocorre com os estrangeiros que se enrolam muitas vezes para entender que o mundo fala e entende coisas de forma diferente do que muitos estrangeiros pensam. É como se eles apenas conhecessem seu umbigo ou seus quintais. Nesse sentido, nós brasileiros sabemos e entendemos muito mais.😉

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    1. Concordo plenamente, a pergunta que mais escuto é se falamos espanhol… Às vezes tenho impressão que eles acham que aí é só mata ou praia, já perguntaram para meu marido se encontrava cobra na rua. O que mais admiro no nosso povo é a flexibilidade e a mente disposta à abertura…

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  3. quando mais jovem, muito tempo atrás, percorri vários países da nossa América Latina – nem tantos, mas o suficiente para muitos pensamentos – e como era claro em demasia, cabelo e barba quase ruivas, falavam comigo em inglês. apena respondia: sou brasileiro. muito antes, ainda imberbe, na fronteira com a Argentina por ser estudante fiquei preso, com meu irmão, em uma sala até “descobrirem que éramos apenas …estudantes. aprendi desde cedo sobre a responsabilidade do ser. se o desejo era que se criasse em mim o medo o efeito foi o contrário. nasceu ali uma pessoa consciente para o social, para o coletivo, pra a vida mais justa, para diminuir desigualdades, para o exercício da tolerância e conviver com a diversidade. ali, nasceu uma pessoa que deseja como nunca a paz, a harmonia e passados tantos anos não mudei um palmo do que vivi e aprendi. jamais irei mudar. o teu texto me trouxe muito dessas experiências de vida, e oportunizou uma profunda reflexão. muito obrigado. um abraço, Cris.

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