Amazônia, amor universal

Gosto muito de museus, para mim ali é um reduto de memórias, registros de beleza e arte que são perpetuados para manter viva e ativa a história humanidade.

Mais do que isso, é um canto de refrigério para minha alma e calma especialmente nos momentos delicados como esse que vivo agora. A arte nos encaminha à *espiral do amor.


Semana passada, viajei com os filhos para a Itália que estavam em férias escolares, quando disse que teria museu nos planos eles até se arrepiaram, risos, e pediram para que pelo menos fosse só um.

Concordei e escolhi a Galleria Borghese, anotei as esculturas e pinturas que queria ver como O rapto de Perséfone, Apolo e Daphne, Davi com a cabeça de Golias. Foi o primeiro ingresso que comprei mesmo antes da viagem para garantir a reserva.


Chegando em Roma logo vi propaganda para todo lado com a palavra Amazônia, pensei o que que é isso, cheguei mais perto e li que no Museu Nacional das Artes do Século XXI estava tendo uma exposição de Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro que admiro muito, pensei e agora…

Vendo meus olhos brilharem, meus filhos falaram está bom mãe, mas só porque não temos opção. Risos. Lá fomos!


Fiquei exaltante com aquela oportunidade, meus filhos sairam do Brasil ainda crianças e agora estão adolescentes, estavam tendo contato com a cultura deles através das 200 imagens, vídeos e painéis informativos. Eu estava tão, mais tão, mais tão feliz.

Claro que eles reclamaram, disseram que férias era para dormir, comer e wifi. Expliquei que naquele momento eles não entenderiam o acontecimento, mas que ficaria marcado no museu de suas memórias afetivas.

Nem sempre eles entendem o que eu falo, mas pelo menos eu tenho que saber o que eu faço. Por fim percebi que eles até curtiram, comentando de uma foto e outra; dizendo que os indígenas reclamavam bastante do atual governo e do desmatamento; escutaram com atenção eu contar minhas histórias de faculdade quando tive uma matéria de fotojornalismo e estudei sobre a arte em preto e branco de Sebastião Salgado.

Até revelhei-lhes que essa era a segunda exposição desse fotográfo que eles iam, quando eram bem pequenos fomos na “Gênesis” em Curitiba onde morávamos. Essas imagens também devem estar em algum canto no museu do inconsciente deles.


Saímos de lá e fomos almoçar, logo já deu a hora da Galleria, para minha surpresa quando chegamos no local e passamos por todo o procedimento de época covidiana, advinha, nosso ingresso estava expirado. Isso mesmo. Snif, snif e snif! Era até às 16h, e na minha cabeça a entrada que era esse horário.

Expliquei, implorei, retruquei, mas não teve jeito. Fiquei triste, mas logo reconheci meu erro, e estou numa fase de não ficar me culpando pelo que não deu certo, mais do que o museu é o amor meu. Reforço: é o amor aos meus esforços (e não são poucos para que dê tudo certo), mas nem sempre dá.

Mesmo com as imperfeições, mesmo com as reclamações, as falhas nossas, o dia foi maravilhoso e pude ter dele muito mais do que eu imaginava. Vim conhecer mais da Amazônia aqui do que quando eu estava no Brasil. Notei quantas pessoas estavam na exposição interesadas em nossa história, cultura e arte!


Voltei para a casa com o sentimento de gratidão por essa vida que sempre nos surpreende quando nos colocamos à disposição do belo, do bom e do justo.

Sem mais delongas vamos para as fotos, (clique sobre elas para aumentar):


5 comentários

  1. Em abril de 2020, tão logo começamos a 40rentena no Brasil, assisti a uma entrevista do Sebastião Salgado, no Roda Viva, sobre esta exposição. Segue o link: Se não viu, acredito
    que irás gostar, pois, fará a vista novamente, ouvindo o próprio fotógrafo falando da exposição.

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