Despedida

Eu passei por esse calcadão da Römerplatz muitas vezes, mas foi só na despedida que descobri que esse é o marco em Frankfurt aonde na época do nazismo queimaram livros em praça  pública.

Na placa está escrito:

NESTE LUGAR, EM 10 DE MAIO DE 1933, ESTUDANTES NACIONAL SOCIALISTAS QUEIMARAM OS LIVROS DE ESCRITORES, CIENTISTAS, PUBLICISTAS E FILÓSOFOS.

Queimar livros é destruir pensamentos,  descobertas, imaginações, críticas, reflexões, é impor limitações.

Sem pensar, somos massa fácil de manipulação. Tive uma sensação de agonia tanto por quem viu em chamas o sumo de sua sabedoria, quanto por quem queria ter a oportunidade de adquirir conhecimentos.

Daí pensei como somos personagens históricos. Nesse dia estávamos ali em comemoração, de mais um tchau, com nossos leques e tiaras florais, mas, certamente há valores sendo queimados por aí.

Na fogueira já passaram bruxas, livros e há o fogo da invisibilidade que queima diariamente os que resolvem ousar. Nem por isso a mensagem deixa (e deixou) de ser escrita e lida.

Nessa era da informação, temos livros dispostos em bibliotecas, livrarias, internet, doações, sebos. Muita oferta, pouca procura…

Uma evidência de que a vida não é só o que se é palpável, mas também essência. Aquilo que fica. A que nos faz criar com ou sem repressão. A essência  junta pessoas que se conectam através das trocas dos saberes,  dos desejos, dos sonhos. A essência me trouxe do outro lado do oceano para aprender falar. Não o alemão,  mas das coisas que nos ditam a alma.

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