
Desde criança eu me acostumei com olhares estranhos quando estou de roupa de banho. Nada disso me impediu de usar biquínis, maiôs e afins. Desta vez não foi diferente, lá estava eu curtindo a beleza da natureza que Deus nos deu, sem ligar para as pessoas que olhavam primeiro para as cicatrizes das minhas pernas, do que para mim, como ser além do corpo que sou.
Quando de repente, aproxima-se um rapaz e me pede:
– Você pode tirar uma foto minha ali entre as pedras e a cachoeira?
– Claro!
– Então, vamos lá.
Deu-me a mão para me apoiar a levantar, peguei o seu celular e fui andando cuidadosamente para não escorregar entre as pedras, enquanto isso, ele já procurava pelo melhor ângulo.
Perguntei: preparado? Respondeu espera um pouco e começou a tirar a camisa. Quando vejo, olha ela lá, uma baita de uma cicatriz no peito na vertical. Parecia “verde” como se dizia na minha terra, ou seja, novinha. Ainda estava brilhante e num vermelho rosado.
Quem tem cicatriz grande entende bem o que eu expresso, dava para ver até de onde os pontos foram retirados, lado a lado, sobre a cicatriz saltitante. Parecia as fendas que vi a pouco entre as rochas.
Dessa vez foi a minha vez de ficar sem graça e fazer de conta que eu não estava vendo nada. Daí compreendi, a estranheza das pessoas é com a aparição de surpresa de algo, ou alguém, diferente do que está escrito em nosso script mental. Onde vão misturando muitos componentes como curiosidade, aversão, medo, compaixão, etc.
Nesses momentos, memórias e histórias passam rapidamente em nossa imaginação, pensei que poderia ser uma cirurgia no coração, ou no pulmão, ou acidente e viagens mil.
Moça, moça, estou pronto!
Acordei da anestesia e fiz o clique. Ainda zonza e absorta por aqueles segundos falei tchau, bom passeio, e mais nenhuma palavra veio na minha boca ou cabeça.
Do outro lado do papel compreendi, cicatrizes não são só vistas com os olhos, e nossa reação diante delas dizem muito quem somos, o que passamos, o que pensamos e tudo o que ainda é necessário costurar em nossa sabedoria.
Há cicatrizes que parecem nunca fechar (especialmente as invisívei), e há fotógrafas amadoras que registram apenas parte do tempo, achando que pegou a paisagem inteira.
Estamos no meio disso tudo, lidando com o diferente, aprendendo a ser gente, em cada corte, em cada pose, em cada clique da vida.
Bom passeio!

Lido com cicatrizes desde a infância… Já até escrevi sobre isto.
As minhas são muitas. Aprendi a expor as internas com maior frequência e esconder as internas (quando dá), a do rosto, por exemplo, só se for com barba, mas, como praticamente, não deixo barba crescer, até porque é rala (rsssrsrs), a do rosto tá quase sempre exposta.
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São marcas expressivas, vira e mexe escrevemos sobre elas…continuam em movimento.
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E, como?
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Interessante essa experiência de troca de papel, ou seja, vc sentir o que os outros sentem com vc.
Eu tb tenho uma cicatriz, mas nunca ninguùem percebeu, até eu esqueço que a tenho. rsrs Bem abaixo do lábio inferior, um X.
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Interessante também essa sua observação, agora me dei conta que vivo fazendo essa troca de papéis, com pessoas, flores, animais, coisas inanimadas…talvez por isso eu tenha facilidade em escrever poesia. Um X, agora seus leitores que lerem seu comentário (inclusive eu) vamos ficar de olho, risos. Abraços para você.
Observação: estou bem feliz aqui, certa vez você me perguntou da adaptação 🙋🏽♀️
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Ah, hahaha não dá para ver em foto. Só bem de perto. É um X achatado, um charme. rsrs Uma queda de balanço da qual não me recordo.
Estar feliz e encontrar a paz é o mais importante âra sua vida e, de certeza, influenciará todos que convivem com a Cristileine.
Meu filho mais velho vai fazer Erasmus este ano na Alemanha.
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Boa notícia!
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