Ninho vazio

Os passarinhos começaram a cantar mais cedo hoje, era por volta das 5h15. Pensei ‘já está na hora de cuidar da vida’, mas, quem cuida dela enquanto estamos dormindo?

Mudo de posição, o gorjear aumenta em contraste com o silêncio da cidade nesse período. Imagino que são de espécies diferentes. Ainda está muito escuro, preciso orar, estou sem concentração.

Como são tristes as fatalidades, nenhuma mãe deveria ver o filho no caixão. Tão jovem, parece que dorme. Venta muito.  Jorra um choro invisível quando nos faltam palavras, que se unem nos rios perdidos gerados antes das placentas.

Quem somos nós para questionar os contratempos?

A realidade é que somos mais acostumados com moradas do que com mudanças, ainda mais as bruscas.

Viro de novo tentando afastar os pensamentos, o que consegui foi esbarrar no cachorro que resmunga por espaço.

O que querem anunciar os pássaros antes da aurora? Brigam com o vento como os homens com o tempo?

Não falo a língua das aves, hoje nem a Ave Maria saiu, ficou embargada na garganta, mas algo inarrável ficou registrado no meu ser nessa manhã. Com certeza,  o despertar no ninho foi atípico.

Veja o sol chegou!

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