Casa flutuante.

Foto Pixabay

Novamente estava na casa sem alicerce

O chão flutuava

Pedia e perdia equilíbrio

As escadas não tinham fim

Cada porta um beco sem saída

Cada janela um pular, ou, morrer

Morrer de solidão nessa casa gelada

Pular nesse oceano desconhecido

O que adianta esse lindo lustre de cristal?

Se ventar seus estilhaços vão ao chão

Ainda assim, serão menos cortantes

que meus pensamentos

Vou dançar sobre eles

Se o balançar me permitir

Vou dançar

Ou se não

Vou me segurar no beiral da janela

Sempre estou a beira

A beira de explodir

A beira de sorrir

Mas não pulo

Ah não pulo

As baleias assassinas que vivem

Por baixo dessa casa

Não verão meu sangue

Só a cortina do meu corpo

Dançando pendurado nessa janela

Se segurando para não pular

Quando essa ventania passar

Vou fincar meus pés no chão

No canto dos passarinhos

Vou fazer ninho

De lá ninguém vai me tirar.

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