Pingos da chuva


Ando contando pingos de chuva

Para me distrair

O tempo não pára

Agora cada vez mais constantes e juntos

Os pingos formam poças

Em volta do meu lar

Poças que se avolumam

Às vezes servem de espelho

Às vezes chegam patinhos a nadar

Às vezes vejo sapos e peixes

Percebo tudo isso da janela

Do meu quarto

Num lar que virou aquário

De ar seco

Posso sobreviver

Mas não sei nadar

Olho de novo para fora

Mundo líquido* 

O lago ainda não me afogou

Sozinha conto um a um

Os pingos

Som de ninar à noite

Temor de transbordar no dia

A gota d’água chega para todos

Vou aprender a nadar

Eu vou

Contarei sobre as braçadas

Para quem quiser ouvir

Sobre os pingos da chuva.



 

*Dica procure saber mais sobre o conceito Mundo Líquido do filósofo Zygmunt Bauman.

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