Acordei, estou voltando para a casa, não para a casa física, mas nos sentidos do corpo após uma noite de sono revigorador. Escuto o blábláblá vindo da cozinha, certamente já estão no café com pão e sorrisos do encontro. Como de costume estico o braço ao lado e pego o celular. Na desculpa de ver a hora, fuço em minhas redes sociais, procurando as novidades noturna, tudo trivial. Antes de checar o noticiário, passo pela minha caixa de email. Quando de repente, lá sim, surpresaaa, fui Selada pelo carinho dessa mensagem:
Dear Chris,
Just a quick email to wish you a very Merry Christmas and a Happy New Year. Don’t know whether you are back in Brazil but wanted you to know I always think about the cheerful , loving person you are. If you’re in Frankfurt, please let me know AND WOULD LOVE TO MEET FOR COFFEE IN “=!(:
Love,
E
Fui Zelada pelo carinho dessa pessoa.
Gente, passei o dia inteiro pensando nisso, me emocionei de certa forma que há muito não acontecia. Não só pelos elogios, mas de saber o quanto a nossa presença marca na vida dos outros, a qual por vezes nem percebemos e nem nos damos o devido valor.
A luta com a língua
Quem me escreveu essa mensagem foi minha ex professora de inglês. Se ainda não sabem, quando mudei para a Alemanha tive que fazer cursos intensivos de inglês porque a escola dos meus filhos é nessa língua. Logo, precisava me comunicar com professores e pais dos amiguinhos.
Estudei dois anos, três vezes por semana, três horas por sessão. Acontece que sempre tive um bloqueio para falar (introspecção) e uma cobrança imensa com o perfeccionismo.
Sem me permitir ao erro e com todas as outras frentes de adaptação de uma mudança internacional; com o passado melancólico familiar; a dificuldade de socialização, foi dito e feito, a depressão me jogou na cama.
O primeiro sinal foi a redução no poder cognitivo, chegava na sala de aula, estudava, estudava e não entendia nada. Aí percebi que não conseguia acompanhar a turma. Quanto mais esforço, mais retração. Cheguei a pensar que tinha problema de déficit de atenção.
Percebia o esforço da professora, e o meu, mas nada ia. Comecei a faltar das aulas e ficar na cama, me sentindo um lixo. A turma que eu tanto adorava era multicultural, pessoas de todo lado do mundo, religiões, grau de escolaridade, visões diferentes. Mais que aulas de inglês eram aulas de diversidade e tolerância.
A professora, uma canadense, era aquele tipo de pessoa agregadora, que lia os olhos e as atitudes dos alunos, que nos cutucava e impulsionava. Sempre ágil e eu devagar quase parando.
Foi muito dificil ir lá me despedir e falar que eu não conseguia mais. Dei um tempo, procurei tratamento, melhorei. Sei que jamais me esquecerei daquela experiência. Até comentei com a minha psicóloga que parar aquele curso foi como cortar o cordão umbilical. Mas foi necessário.
Hoje me sinto melhor, sei que a falta de concentração faz parte da depressão, sei que nenhum aprende como o outro, sei que cada um têm suas bagagens e limitações. Mas acima de tudo sei que amei e fui amada, e que para essa linguagem não há fronteiras.
Selada de zelo, isso sim é um Feliz Natal😃
E já com o compromisso de um café, falando inglês, com professora em 2018😮
Eita vida, sempre a nos aprimorar😉
Abraços amados leitores😍
Boas festas💓