Bailarina de fogo.

O movimento da vela
Me vela
Nos momentos de peso
Eu quem velo a vela/

No seu balançar
Bailarina de fogo
Irradiante presença/

Em tua cera pelante
Quanto mais quente
Maior o buraco/

Derretia, derretia
Mais viva que eu
Com o pavio curto/

Puro enfeite
Na vida
Na morte/

Acende fogosa
Queima, queima
Na lágrima
Na contemplação/

Apagada
Endureci

Velha queimada/

Um fogo divino

Reacendeu etérea chama de mim
Agora vejo meu reflexo

Na cera quente/

Ainda que exista o buraco
Ainda que irei acabar

Essa luz que irradia
É mais bela que o próprio queimar.

Depressão, fogo
No reflexo – etérea chama de mim.

 

 

 

20 comentários

  1. Tua poesia lembrou-me minha infância. Hoje não tenho religião. Não sou ateu ou religioso, nem mesmo agnóstico. A religiosidade só me interessa como expressão social. Mas quando criança, era forçado a rezar o terço em família. Na cozinha, no escuro, apenas a vela no centro da mesa. E a vela era tudo que eu via… 🙂

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  2. Olá minha querida amiga Cristileine… sinceramente, esta é uma poesia que podemos dizer “iluminada”. Bailarina de fogo não é apenas uma analogia ou observar a dança da chama, mas é própria alma que se deixa bailar. Os invejosos dirão que é loucura, mas eu, não minha humilde concepção digo que é uma belíssima metalinguagem poética. Clap clap clap clap…LInda, simplesmente linda! Tenha uma semana feliz e inspirada… beijo no coração!

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  3. Obrigado por começar a seguir o Blog Sabedoria do Amor. Este poema seu da vela além de profundamente existencial é existencialmente belo. Me transportou a 20 anos atrás quando eu fazia velas litúrgicas no convento em que morava. Fraterno abraço.

    Curtido por 1 pessoa

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