A injeção.

As lágrimas escorrem para lavar a dor da saudade

O corpo agradece quando as deixamos fluir

O corpo embrutece quando não aceitamos o partir

O sono nos domina para dar um acalento na alma

Nos tira da real e nos diz cada dia o seu degrau

Difícil subir quando não sentimos as pernas

As pernas seguem o comando do cérebro

Agora o cérebro se perdeu

Procuro compreender com o coração
Mas ele se camuflou meio ao inchaço

Nó na garganta
Boca estremecida
Pontada na barriga
Joelhos fracos

Prostada diante da dor
Só consigo escutar latidos
que não voltam mais
que não verei mais

Partiu com a injeção

Sacrifício que tomamos gole a gole

Oferenda que não gostaria de entregar

Segue o idílio de amar

Procurei em todas as tulipas do jardim

Nenhuma tem a cor dos seus olhos me chamando para caminhar

O cheiro dos lírios não são tão envolventes quanto a sua barriga virada para cima pedindo um coçar

Entrega total

Agora é minha vez

Estou entregue

Com a língua para fora

Esperando achar um lugar

Para chamar de lar

Com o canil vazio.

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11 comentários

  1. O tempo, dizem, cura tudo. Um clichê, eu sei. Mas não deixa de ser verdade. O tempo apaga, e quando não apaga, esbate… Sobra o bom, o agradável. E depois, não sobra mais nada. Porque o tempo tem um destino e todos vamos nos encontrar lá…

    P.S. neste trecho “Só consigo escutar latinos” é “latinos” ou “latidos”?

    Curtido por 1 pessoa

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