A mente humana sempre tenta racionalizar os acontecimentos. Além disso, evitamos a informação que contradiz as coisas em que acreditamos. Isso significa que buscamos mais do mesmo, temendo discordar da própria fé, o que evidencia que ela não é tão forte e sustentável o quanto imaginamos.
Na busca de explicações para convencer os outros de que estamos certos, esquecemos de pensar que existem outras certezas. Abolimos a construção, que poderia surgir de um diálogo, em nome de conceitos pré concebidos; de gritos impositores para gerar medo; de medo como escudo protetor para não assumir as próprias dúvidas e erros.
Enquanto isso, as garras da discórdia vão se ficando, brotando, expandindo. Ainda, não satisfeita passa de geração para geração, não só a de laços sanguíneos, mas de toda uma raça que se diz humana.
A grama do vizinho é a mais verdinha, mas não converso com o vizinho para saber do seu trabalho de conservação do jardim. O irmão diz que não há salvação para quem não foi batizado, mas ele não ajuda a pagar a enfermeira da própria mãe. A Solange disse que não anda com a Joana porque Joana não presta, mas as duas são minhas melhores amigas. Você é o mais adequado para a vaga de alfaiataria, mas seus trejeitos não correspondem à função.
Se existe mesmo um paraíso, ele está anos luz daqui. Pense bem, como podemos nos deleitar no mar cristalino se nem ao menos sabemos conversar e entender os porquês de alguém?
Conversar é muito mais do que falar e saber ouvir, conversar é saber que o outro pensa diferente, é respeitar ainda que não concorde, é saber expressar nossas “verdades” sem fazer delas um instrumento cortante, é identificar que o outro tem seu próprio querer, ainda que seja completamente contrário aos nossos desejos e saberes.
Porque no fundo um fato é certo, a vida é um barquinho de papel na qual navegamos em busca de rumo. À remo, à motor, com ou sem piloto, na cabotagem, uns solitários, outros otários, uns querendo sempre mais e mais, outros se colocando abaixo do menos. Só vemos o convés, o conveniente, ignoramos o casco.
Sim, sempre buscamos mais do mesmo, e o que reafirma nossas crenças. Tem até um nome para isso. Se não me engano é viés de confirmação. Temos essa estratégia mental de autopreservação. Mas deveríamos sim ter evoluído além disso. Se nossa mente é capaz de conceber tantas ideias fantásticas, criações inacreditáveis e evoluções tecnológicas, se somos capazes de explorar nosso planeta e até o universo que vai tão além, como não conseguimos compreender um pensamento tão simples quanto a existência de várias verdades…
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Seus comentários com esse “viés” profissional da área psicológica sempre acrescentam os temas. Nunca ouvi falar do viés da confirmação, se encaixou muito bem aqui. O todo e o nada… o que somos. Abraços fraternos Bia.
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Obrigada, amiga! Abraços! ❤
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Muitas verdades ditas…escritas…mas, poucos sabem ler…mais ainda entender…não é nada fácil viver com o saber….
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Como diz o ditado: a vida é luta. Como diz o versículo: um cordão de 3 dobras não se rompe com facilidade. Mas insistimos em sermos únicos.
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Unicidade que só se faz assim na multiplicidade….por que tanta dificuldade para aceitar esta verdade?
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Ah e que deleite nos presenteia e de cá imagino toda essa trama humana onde cada qual acredita ser dono de si, de sua verdade onde a mesma se firma mais em vaidade. Sim estamos todos nós a rumo, expressamos talvez muito pouco do que carregamos dentro e mais do que ouvimos de fora. Somos mais reprodutores do ruido que do silencio interior e creio eu se pudéssemos sentar e nos conhecer com calma tenho certeza que no mundo não haveriam armas, guerras, inveja, possessão, seríamos todos irmãos numa união tão generosa que apenas o vento e o tempo ditariam as regras. Assim como seus barquinhos seguiríamos tranquilos sem medos ou melindres, pois até o destino seria amigo junto a nós todos, uma nova nação, uma nova humanidade, vai saber se esse não era o plano “Dele” de verdade? Bom te ler, me inspira!
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“Acredita ser o dono de si… reprodutores do ruído”;
“O vento e o tempo ditariam as regras… até o destino seria amigo”.
Gosto muito de sua interação! Seu comentário vai de encontro ao que acredito, precisamos resgatar nossa intuição, inspiração e força da união. Valores desmerecidos atualmente.
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É bem mais fácil criticar os outros do que os ouvir…quando nem a nós próprios sabemos ouvir!
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Bem mais. Como é bem mais fácil perdermos nossa essência diante de tantos oDORes… Consciência e atitude são fragrâncias marcantes nas mãos de quem passa. Torcermos para serem muitos que as busquem.
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Grande verdade, Cris! Estamos muito distantes do paraíso, não sabemos o que é o amor, vislumbramos, às vezes. algumas possibilidades, mas nos perdemos em nossos ostracismos e orgulhos! Gosto muito de tudo o que leio por aqui! Abraços.
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Ah! fiquei feliz com suas palavras. Volte sempre. Abração.
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Voltarei 🌼❤
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É preciso sair de nossas zonas de conforto, naquela em que achamos dominadores (quando isso é só ilusão) para poder enxergar e ouvir o outro. É um processo difícil em razão de nossas crenças, como já disseram antes. Percebo que quanto mais as pessoas clamam pelo coletivo, mais se fecham em suas bolhas. Acho que viajei rsrsrs…mas isto não é bom?!?!? Muito bem m para refletir…Abraço
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E o que seria de nós sem essas viagens?
Espero que essa bolha seja transparente para que seja visto o que há além; para que haja a vontade de rompê-la… Sonhar sempre. Abraços Geraldo.
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que texto incrível
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Achei que faltou anexar o som da Maria Bethânia “Debaixo d’água/Agora” para complementar.
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eu não conhecia essa musica, tô ouvindo e gostando =)
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