Retrato da imaginação

Quando você está com pressa para um compromisso importante há muitas coisas para te distrair no meio do caminho, desde o pedido de informação até uma plantinha.

Eram só três finos galhos verdes com pequenas flores amarelas nas ponteiras, nascidos no meio de dois pisos na calçada.

Esse trio semi-entrelaçado seria só mais um entre tantos, se não tivesse um ponto contrastastante vermelho com bolinhas pretas, que brilhavam com a luz do sol.

Eu passava na correria, na pressão (afinal brasileiro tem fama de chegar atrasado, mas eu insisto que nem todos são iguais), na ansiedade latente do tic e do tac, assim, eu passava diante daquelas muitas flores do mato até que essa me chamou atenção.

A planta sobrevivia no pouco espaço, sujeita à pisadas; o amarelo minha cor favorita, sempre me atrai olhares; e o movimento da joaninha quase imperceptível me fizeram perder o rumo.

Queria parar para tirar um foto, mas meu pensamento disse “go, go”, e eu fui. Olha só pensando em inglês, quem diria!

Passado o momento, percebi quanta confusão e conclusão no caminho.

Para o cara que me perguntou sobre a localização da rua eu respondi “Ich glaube nicht, entschuldigung” e me esquivei. Frase que traduzindo do alemão quer dizer “eu não acredito, desculpa”, quando na verdade “eu dizer eu não sei, desculpa”.

Já para mim mesma eu disse em inglês “vai, vai”. Em contrapartida, diante da cena da joaninha na flor eu contemplei a beleza, eu contemplei ainda que por segundos.

Mais tranquila após a reunião escolar fiquei pensando o porquê esse trajeto e encontros mexer tanto comigo.

A única conclusão foi que a vida passa como um flash, no meio de nossas ocupações e preocupações sempre há algo nascendo e nos chamando atenção para o belo.

Aquele retrato ficou só na minha imaginação. Quantos outros que nem retratatamos.