Geralmente quando estou uma pilha de nervos, sempre tem um abusadinho para dizer que falta uma pilha de roupas para passar. É ele, o preconceito gerando energia ruim, poluindo o ambiente.
Agora imagine que você é uma pilha, agora falo das alcalinas mesmo, porque tem assuntos que nem é bom prolongar. Falo daquelas pilhas bem potentes que garantem que duram mais.
Como toda pilha você vai ter dois pólos – o negativo + positivo. Agora imagine tendo o mundo como dispositivo que você terá que fazer funcionar, e imagine uma energia vibrante que oscila horas lá, horas cá. O corpo é seu representante no mundo, a energia interna é incontrolável…
Uma eletroquímica que você não sabe como funciona, da qual o mundo espera resultados, uma energia que domina seu funcionamento, que nem sempre é vital. Uma energia que por vezes é usada com desperdício e noutras é lançada fora na natureza.
A bipolaridade, um dos transtornos da saúde mental, é pouco conhecida e jogada no cantinho da alheação, como a maioria dos outros transtornos. É a pilha descartável que ninguém sabe o que fazer com ela.
Algo diferente na área biopsicoespiritual (será que existe essa palavra?) faz a pessoa agir no 8 ou 80, ser aventureiro ou ser aflito, agir com um bando de manias ou se isolar na depressão. Como se percebe, uma pilha oscilante jogada no terreno da vida para crescer.
Acontece que existem árvores que nascem para serem diferentes no mundo dos iguais, mas disso não posso falar porque já foi muito bem descrito no livro “Árvores Tímidas” de Bia Ribeiro.
Conheci essa autora poucos meses atrás, através do seu blogue Bipolaridades e afins. Como na prática só conheço um pólo da pilha – a depressão, sempre encho o blogue dela de perguntas, fico atenta às explicações, e confesso que sabia muito pouco sobre as “manias” antes desse encontro.
Assim, compreendi que você pode se sentir a Mulher Maravilha, fazer e acontecer, ultrapassar os limites e a velocidade, e depois se sentir imprestável, esgotada, infeliz, ou seja, depressiva.
No livro “Árvores Tímidas” há muitos exemplos do que ela vivenciou. Foi uma leitura instigante que me prendeu do início ao fim.
Agora sendo um tantinho spoiler, por um bom motivo eu acho, no livro tem uma passagem que ela conta que aos 9 anos tomou vários remédios tentando calar o sofrimento.
Coincidência ou não, eu também fiz esse coquetel por volta dessa idade. É uma memória horrível daquela estante preta onde ficava a televisão de tubo, as cerâmicas que minha mãe havia aprendido a pintar, e uma gaveta cheia de remédios. Juntei tudo o que podia e pensei agora vai, era rosa e amargo; acabou ficando amarelo e gosmento num vômito provocado no vaso do sanitário…
Por enquanto só meu psiquiatra e psicóloga sabiam disso, quando li o relato da Bia Ribeiro revivi aqueles momentos, resolvi contar para alertar pais e mães sobre a seriedade de deixar remédios disponíveis. A gente nunca imagina o sofrimento de uma criança, e uma criança não sabe como digerir suas agonias.
Voltando ao “Árvores Tímidas”, comprei o livro pela Amazon, li através do Kindle e do celular, fiquei admirada com o poder de escrita da autora, em 116 páginas ela me fez sentir a própria pilha, me levava para um pólo, me trazia para o outro, tomei muitos choques de realidade. Ela também deu dicas de livros, filmes; contou contos populares que eu não escutei quando era criança, me fez voltar ao tempo de criança; deu dicas para entender e lidar com o tratamento. Numa linguagem repleta de símbolos ela nos faz compreender a saúde mental.
Fiz muitos destaques de frases principais que me tocaram, mas para não deixar esse texto mais longo ainda vou só enumerar os capítulos para terem uma idéia do conteúdo:
- Não fique à mercê
- Você não é uma doença
- Saiba procurar ajuda
- Não se conhece a dor do outro
- Não se vicie nos sintomas
- Questione pensamentos negativos
- Problemas acontecem, crises acontecem
- Tenha um objetivo
- Retome o controle de sua felicidade.
Como crítica, achei que haviam muitas refências de outros escritores, inclusive a do renomado escritor Andrew Salomon que relata sua relação com a depressão no livro “O Demônio do meio-dia”. As referências são de fato muito boas, também entendo que dão mais credibilidade para a obra, mas se conferirem os relatos pessoais da autora vão perceber que as referências ficaram secundárias. As experiências dela falam por si só.
Outra observação, a autora falou bastante de suas idas e vindas ao psiquiatra e à psicoterapia, como também mencionou de outros tratamentos como a psicanálise, mas não se aprofundou neles. Fiquei muito curiosa, quem sabe num próximo livro.
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Abaixo segue cópia de como o livro se apresentou para mim no site da Amazon da Alemanha.
![Árvores Tímidas: Um livro sobre Transtorno Bipolar (Portuguese Edition) von [Ribeiro, Bia]](https://images-eu.ssl-images-amazon.com/images/I/41SG5iwfDQL.jpg)
ÜBER DIE KINDLE EDITION
- Länge: 116 Seiten
- Screenreader: Unterstützt
- Verbesserter Schriftsatz: Aktiviert
- PageFlip: Aktiviert
- Sprache: Portugiesisch
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Este trabalho está licenciado com uma Licença
Eu tb gosto muito de seguir a escrita da Bia Ribeiro.
E o seu texto está ótimo.
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Oi Amiga!!! Obrigada imensamente por escrever esse texto tão lindo sobre o meu livro!!! ❤ ❤ ❤
Fiquei muito tocada com seu relato. Olha que impressionante: tínhamos mais em comum do que pensávamos, e superamos aquelas angústias que vinham desde a infância. Trilhamos um longo caminho de superação. E por isso escrevi este livro com as minhas experiências: para falar sobre esse transtorno cheio de estigmas e para que as pessoas trilhem esse caminho comigo. Daí, após escrever, ficou faltando dizer muito mais. Então fiz este blog!! Mas aí, agora, ainda falta falar mais rs. Então estou começando a desenvolver o projeto de um novo livro sobre saúde mental 🙂 🙂
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Muito sério mesmo! Transtornos da mente aparecem desde cedo, mas como diz um capítulo aí: não se conhece a dor do outro.
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Obrigada também pela dica do artigo🙋🏽♀️
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Obrigada e bom fim de semana 🙋🏽♀️
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Esse livro é muito bom e aborda diversos fatores da depressão desde político social, até o científico e espiritual. É extenso, comecei e ainda não terminei. Muitos artigos que leio sobre o assunto também se referem ao Andrew Salomon. Abraços.
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Trilhei o caminho contigo e já espero o próximo, isso não é uma cobrança, é só um desejo de leitora🙋🏽♀️
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Tem sido difícil voltar e ver tantos sinais que a vida já havia dado e nunca ninguém percebeu… Como diz o ditado antes tarde do que nunca, estou tentando alinhar meus pensamentos. Ótimo fim de semana para vocês ⚘🙋🏽♀️
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kkkkkkk sem pressão! O próximo deve demorar um bocado, mas enquanto isso posso prometer mais posts no blog, inclusive aquele que ainda estou te devendo! não esqueci não, flor! Vai sair ainda breve!! ❤
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Meu irmão está em fase difícil também! Agora percebemos sinais antigos que nunca notamos. Da depressão e do alcoolismo! Mas ainda há tempo! Siga com fé! 🙏❤️
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Okay Baby, quer dizer Bia 🤣 e se qualquer hora sair Boa é que o corretor insiste em te chamar assim😂😂😂 Também tenho mais idéias de posts do que tempo para escrever. Aos poucos chegamos lá.
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Estou seguindo, espero que ele também mantenha a fé. Bem sei que sofre uma família inteira…
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Sim! Todos nós! E a sensação de impotência é grande! 😌
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Lembro dos olhos tristes das crianças me olhando sem nada poder fazer… Meu humor também decaiu muito por esses dias, mas acredito que é a desregulação do sono. Altos e baixos estão aí tanto para quem lida, ou não, com os transtornos mentais. Espero que logo seu irmão se recupere, e que saiba passar por esse momento de agora.
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Sabe, Cris, a vergonha que ele sente hoje o enfraquece. E ficamos sem saber como ajudar sem atiçar ainda mais essa vergonha. Ele se sente fraco! E, nós, impotentes e com medo de piorar a situação.
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kkkkkk Boa é ótimo! Espero ser mesmo rsrs 🙂
Aos poucos! O importante é continuar! E que maravilha ter mais ideias do que podemos produzir. O oposto que seria triste né
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Vergonha, medo, culpa, rebaixamento ou até mesmo altivez, tudo mecanismo de defesa, que se tornam mais pesados num depressivo que já não tem energia. Bom mesmo se ele aceitasse a terapia, a cura pelas palavras, ou quem sabe um bom ouvidor/conselheiro de confiança. De uma forma ou de outra, seus esforços de tentar ajudar chegam até ele. Mas temos que aceitar que nem tudo está em nossas mãos.
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Sim! Começa tratamento psicológico e para. Vou tentando. Nunca desistir! Obrigada!
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Curiosamente, hoje pela manhã eu lia um artigo no Medium, “You Might Not Actually Be Struggling With Depression” (https://blog.heartsupport.com/you-might-not-actually-be-struggling-with-depression-8ce57ab41f66), e agora leio sua resenha do “Árvores Tímidas”. Valeu a recomendação.
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Nesse artigo do Medium, ele menciona o “Noonday Demon”, que eu não fazia ideia do que era, e agora descubro que há um livro sobre.
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Puxa! Que relato, Cris.
Qualquer um pode ter pelo menos um episódio na vida que passa longe do que é considerado saúde mental. A maneira como você elencou os conteúdos já são uma recomendação a todos.
Parabéns pelo post! Abraços
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Os capítulos 3 e 7, especialmente, tem títulos muito sugestivos…e, me parece, realistas…
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Obrigada Melissa pela leitura, pela presença e sobretudo pelas observações.
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Li e fiquei pensando, nossa deve ser bom ter “manias” 🤦🏽♀️ brincadeira à parte, parece que a gente idealiza nosso oposto. Percebi todo o sofrimento dela nas vezes que não usou o freio. Outro fato que esqueci de mencionar no post, ela escreveu sobre as vantagens e desvantagens tanto da “mania quanto da depressão”. Bom fim de semana, julho está logo aí eh, imagino quantas expectativas vocês estão 🙋🏽♀️
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Sim… a espera é bem materna… abraço.
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A pouco li esse lindo texto https://wp.me/s745Fe-ternura, no blog de Odonir Oliveira, não pude deixar de pensar na espera de vocês.
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Lindo texto…sensível, poético e acolhedor… obrigado pela indicação e sua sensibilidade…
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