Qual sua pegada?

Em mil novecentos e bolinhas, nas minhas primeiras aulas de ciências, numa escola pública do interior de São Paulo, o professor Chico nos falou que a condição de sobrevivência dos homens na Terra depende de muitos fatores, entre os principais água, alimento, temperatura, ar e pressão atmosférica. Professor Chico também explicou sobre a capacidade de adaptação e dominação dos homens sobre as outras espécies animais.

Hoje muito se fala do revolucionário advento da internet, fato que o professor nem tinha como imaginar a proporção atual, em contrapartida, pouco se compreende (ou pouco se quer ouvir) sobre a prospeção de nossas pegadas. Mesmo existindo muitos chicos antes do Chico.

Falo da nossa pegada de carbono Co2. Aquela que fica quando construímos uma casa, andamos de carro ou avião, usamos descartáveis no churrasco de domingo. Mamma mia sou do tempo macarrão. E saber que até por trás de um prato de arroz com feijão tem a pegada de CO2, através da plantação, do cultivo e do transporte.

Que pegada é essa?
São nossas marcas nas costas da Terra que muda a atmosfera e as mudanças climáticas.

Professor Chico não poderia imaginar que aquela sua aluna magrinha (quanto tempo mesmo), de muleta por causa de suas pisadas tortas, e pensamentos distantes, fosse morar na Alemanha. E mais, seria impensável se ela lhe falasse que o calor em terras germânicas está na casa dos 39 graus; que ela esta com medo porque as florestas da região onde ela mora está em estado de alerta máximo de risco de incêndio, que os peixes estão morrendo nas lagos que secam; que aquelas plantações de beterraba e milho por onde ela gosta tanto de passear de bicicleta, foram perdidas para a seca. Que ela está suando como nunca suou no Brasil, que se não fosse pela evidencia do óleo de coco que deixou de ser branco e ficou derretido, ela ia até pensar numa menopausa antecipada. Ainda que os fogos de artifícios daquela festa de fim de verão que acontece desde 1340 no Rio Main, a Mainfest, também foram cancelados por causa do risco de incêndio.

Alemanha teme o verão do século

Estiagem expõe bombas de guerra

Ah como sonha essa filha da empregada, quanto já escutei isso. O fato é que os sonhos e os pesadelos acontecem, o aquecimento global queima nosso orgulho, ainda que ninguém acredite no que eu, o professor Chico e as evidências falam. Há um fator direto ou indireto que nos evidencia: a nossa pegada.

A questão é procurar entender:

Como e onde iremos pisar?

10 ações contra as mudanças climáticas – conteúdo audiovisual da DW

* Se gostarem de acompanhar conteúdos referentes ao meio ambiente, gostarem de saber sobre a história e projeções futuras de nossos rios e terras, sugiro fortemente que sigam o Água, Vida e C&a . Os textos de Fernando José de Sousa são longos e profundos, uma aula de cidadania esse blog.

12 comentários

  1. E aflitivo o que se está a passar pelo mundo neste verão! Aí…no norte da Europa… no sul da Europa… na Ásia, etc, etc
    Eu sou positiva por natureza, tento deixar a menor pegada,”sacralizo” a água que me sai da torneira…mas estamos ttodos num processo galopante e assustador.
    Por isso, tudo o que possamos ler e escrever de alerta é muito, muito importante.

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    1. Dulce, hoje li que Portugal e Espanha pode bater o recorde de calor dos tempos atuais da Europa que foi em Atenas, em 1977, de 48 graus. É isso mesmo? Assustador, mas quando muda a estação parece que esquecemos e mantemos os mesmos hábitos . Sempre me pergunto: Até quando? Esse é um assunto que me instiga. Abraços, Cris.

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      1. Sim, é verdade!
        Os três últimos dias, especialmente, têm sido insuportáveis em todo o país. O tempo primaveril e fresco de Julho, deu lugar a um Agosto fora da média em calor e com muitas zonas do país a superarem os seus máximos registados. Completamente desequilibrado este planeta, graças a nós todos, diga-se, que o demos como algo adquirido e que não precisava de ser cuidado. Resultado: asneira da grande!

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    1. Bom retorno. Acontece que as estações vão mudar, o povo esquecer, o aquecimento perpetuar. No Brasil era complexo viver sem ar condicionado, aqui sem aquecedor. Agora tudo está mudando, percebe-se até na construção civil, as novas construções já colocam os dois. Uma demanda sem fim. O mesmo comportamento de se achar eterno. Consumo consciente é a questão. A natureza pede…

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