A saudade

A saudade pode ter

Cheiro de laranja bahia

Relógio de bolso do vô

A trança do cabelo da bisa

Balanço do rabo do cachorro

Amassar pão com a vó

Das gargalhadas com as amigas

Das conversas com a boneca

Das fugidias para namorar

Do sorriso do sogro

Do cobertor de infância

Das dobrinhas do filho bebê

De ver a fonte luminosa

De casa, dos casos, dos causos

A saudade não nasce

A saudade vive

Para sempre

Marcando suas digitais

Nos tocando

Nos sentindo

Nos provando

A saudade diz

Levanta humano

Sóis imortais

Que amam

Que ama

Que há

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Este poema foi inspirado numa fala da minha mãe que ecoa na minha cabeça há anos. Sempre nessa época de fim de ano, especialmente nas festividades, ela fica triste e chora. Uma vez questionei o porquê. “É a saudade minha filha, um dia vai me entender”. Entendi.

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Esta obra está licenciada com uma Licença
Creative Commons Atribuição Não Comercial Compartilha Igual 4.0 Internacional
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18 comentários

  1. Tão lindo! Me fez lembrar do meu avô, uma pessoa muito especial que perdi semanas atrás. A saudade é um privilégio daqueles que amam verdadeiramente ❤

    Curtido por 1 pessoa

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