
Os percursos das deusas da mitologia grega têm muito a nos dizer sobre a depressão. Sobretudo os de Deméter (arquétipo a mãe) e Perséfone (arquétipo a filha). Hoje vou discorrer sobre Perséfone.
Essa que é a deusa das flores, dos frutos, das ervas e dos perfumes, como também a rainha do submundo, aquela que teve que aprender a andar entre os vivos e os mortos.
Perséfone pode nos dar dicas de como lidar com a depressão, pois, ela passa parte do ano nas trevas e na outra produz a Primavera. Dizem que por esse mito nasceram as quatro estações do ano.
Somente essa passagem, já nos dá para se ter uma ideia de que é bom estarmos preparados para todo o tempo: receber, usufruir, preservar e reconstruir em cada período.
Esse mito vai mais a fundo, de filha amada por Deméter (deusa da agricultura), até donzela raptada, violentada e prisioneira por Hades (deus das trevas e dos mortos); Perséfone passou por transformações e adquiriu poderes para tratar com as profundezas e a beleza, saber lidar com os contrários e contrariedades.
Antes ela só conhecia a proteção e a pureza (ingenuidade), até ser obrigada a conviver e conhecer o subterrâneo, a morte, a escuridão. O que não é dito, o que é escondido, o que é abominável.
Por isso muitas vezes Perséfone é dita como deusa vítima, a que não sabe dizer não, lutar por seus propósitos, ter clareza de objetivos, se impôr.
Mas, procurando desvendar melhor o mito veremos que não é bem assim.
Em certo momento Perséfone tem a oportunidade de voltar a viver com a sua mãe no mundo da luz, mas, decidiu comer o fruto da romã o que lhe liga nas profundezas com o marido.
Lembram do caso da maçã? Pois é, Perséfone passou a ter conhecimento do bem e do mal.
Por isso, ela vive entre o mundo do consciente e o do inconsciente. Podemos dizer que ela é a deusa da transitoriedade, quem entende que tudo passa e se renova no ciclo da vida.
Entretanto, manejar o perfil Perséfone não é fácil, nossa cultura cultua e celebra somente a vida, a luz, a prosperidade, o que se vê; e não sabe o que fazer nas situações de morte, dor, escuridão, decadência, inconsciência, intuição.
Antes de Perséfone aceitar sua nova condição de vida, ela passou por momentos de negação, profunda tristeza e desespero.
Se isolou, não queria mais comer e nem ver nada o que tinha pela frente. Deprimiu. Teve que lidar com a morte diariamente, conheceu forçosamente a sexualidade e a separação.
Esgotada suas mágoas, Perséfone percebeu que não tinha mais para onde ir, precisava compreender tudo o que aquela situação tinha para lhe dizer; já que não tinha como sair daquele lugar, que a aversão dele saísse dela.
Assim virou a “rainha e guia dos mortos” que ali chegavam, passou amar e respeitar seu marido Hades, passou a governar com ele.
Quando em terra, Perséfone não deixava de dar a luz trazendo o brilho, as cores e os aromas da Primavera.
O que me diz o mito de Perséfone:
Ufa que mito! Claro que lembrei de “A Bela e a Fera”. Leio, releio, pesquiso e sempre aparece algo a ser descoberto. Aqui procurei fazer uma compilação do que aprendi relacionando com a depressão, na busca de pistas de como entrar e sair dessa caverna. Verificar o que podemos aprender com ela. Não ficar sendo vítimas, nem vilãs, nem culpadas da situação, mas nos contextualizar nela. O perfil Perséfone tem atração pela morte, mas é na vida que ela sabe florir. Entre as trevas e a luz, há romãs (escolhas).
Fontes:
- É fácil achar esse mito na internet. Para saber das origens das estações sugiro esse link aqui
- Livro: “As Deusas e a Mulher“, de Jean Shenoda Bolen.
- Texto: Perfil Psicológico da Mulher Perséfone, de Fatima Vieira.
Uma a deusa que vive em altos e baixos, casada com o Satanás e ainda com um nome destes, tinha que ser “deprê”.
Brincadeiras a parte, uma utilissimo análise.
Boa semana.
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😂 ei Jr.
Pelo que entendi, Hades não é propriamente o demônio na mitologia grega. Isso vem depois com os romanos e o cristianismo. De qualquer forma o objetivo foi de uma análise como você disse. Ainda que amadora de uma curiosa da mente humana.
Boa semana.
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Mal comparando…uma simplificação correlata a um “anjo caído” e um (suponho), representante do mal. Quanto aos detalhes, é por que faltei as aulas de história.
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Também faltei😬 estou repondo agora com a curiosidade. Abraços e até mais 🙋🏽♀️
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“utilissimo”, que deprimente……
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…. “esse editor…” utilissima “… Agora.
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De momento, estou imersa no mito de Psiquê e Eros, ainda 😀 Consegui arranjar, por aqui, uns pdfs de mitologia que não são maus, mas preciso de mais bibliografia 😉 Só por curiosidade, passei esta quadra natalícia a ler e a reler o principezinho. Não sei porquê, mas identifiquei-me com a forma como o aviador falava dos desenhos no logo no início 😂mas foi bom apaixonar-me pela história outra vez. Uma boa semana 🙂 Cristileine
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Essas são obras de conhecimentos inesgotáveis, impressionante!
No blog Anowamente há indicação de bibliotecas com pdfs desses assuntos.
Se te bater vontade escreva sobre Psquê e Eros.
Abraços e até mais 🙋🏽♀️
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Obrigada. Estou a ver se encontro esse blog 🙂 pode passar o link, por favor? Abraços 🙂
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Aqui está
https://anovamente.wordpress.com/e-books/
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Obrigadíssima 🙂
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“Em certo momento Perséfone tem a oportunidade de voltar a viver com a sua mãe no mundo da luz, mas, decidi comer o fruto da romã…”. (Como diria o Google, “você quis dizer” “decidiu”, mas escreveu “decidi”. Meu terapeuta estaria contando as horas para conversarmos sobre esse ato falho.
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😂 essa foi boa. Vou arrumar já, foi erro de português mesmo, os quais devem ter muitos por aqui, gosto quando falam que aí tenho a oportunidade de arrumar. Quanto ao ato falho, não sei se tem conserto😂😂😂 vou perguntar para minha psicóloga. Abraços e boa semana🙋🏽♀️
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Boa semana
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Gostei muito, adoro mitos e lendas.
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Estou numa fase de bastante interesse por mitos e lendas… quanto mais conheço mais quero conhecer, deve ser a ancestralidade que fala por eles. Tudo de bom, aloha.
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Eu li As deusas e a mulher quando adolescente.. Sempre adorei mitologia! Da grega, sempre me identifiquei com Psiquê e Perséfone… Em Psicologia analítica temos que para nos conhecer precisamos encontrar nossa sombra e integrá-la ao nosso todo. Muitos símbolos representam o local da sombra (que aparecem nos sonhos, inclusive), como cavernas, as profundezas, o submundo, descer escadas, a floresta escura, as trevas. Precisamos descer até o fundo, o desconhecido, para amadurecer, e depois retornarmos mais completos. E só uma vez não é suficiente, esse processo se dá um ciclos. E Perséfone representa essa descoberta perfeitamente ❤
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Bia, você disse a mensagem precisa que eu gostaria de passar com esse texto. Deve ser muito bom estudar psicologia, admiro essa área. Abraços e boa semana. 🌺
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Boa semana, Cris!! ❤ ❤ ❤
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Muito legal! Nunca tinha lido sobre o assunto, dá pra relacionar mesmo com a depressão!
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Muito né, quando estiver com mais tempo para pesquisas vou escrever sobre Deméter, o arquétipo mãe, quem fez parar toda a produção agrícola (comida) por causa da tristeza da separação da filha. Até mais Tati.
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