Será que será?

De repente fui inundada por alegria e gratidão, sentimentos até então estranhos deu admitir e lidar; sentimentos que muitos almejam, mas nem todos têm, e pior não têm coragem de dizer que não têm por causa do tribunal social.

Agora têm dias que me pego cantando, dançando, fazendo piada. Já não é mais um peso levar as crianças de manhã para a escola na temperatura abaixo de zero; e nem buscá-las naquele inevitável encontro de mães na porta da escola. O constrangimento de não falar outra língua já não é devassador…

A gratidão tomou outro sentido, antes eu me sentia obrigada à tê-la porque tenho todas as condições para uma vida agradável, agora ela brota naturalmente e flori nas minhas ações e palavras.

Essa semana estou com bastante dor por causa de uma cistite; comecei um curso online de alemão (hei de aprender essa língua de um jeito ou de outro); o marido está viajando (o que significa trabalho dobrado); foi aniversário da minha filha; a casa está de um jeito que não gosto nem de olhar e eu estou aqui deitada escrevendo por causa da dor na bexiga, o que era impensável tempos atrás (tudo tinha que estar perfeito).

Enfim, muitas frentes para atuar e estou com energia para isso, o que é maravilhoso! Quando não estou respeito meu tempo.

Na terapia semanal voltei a repetir:

  • Essa não sou eu, estou satisfeita assim, mas, e quando parar com os remédios?

Resposta:

Muito estranho você achar que o antidepressivo vai entrar no teu cérebro e mudar a sua personalidade. Será que os outros remédios para o corpo também são assim? Será que você não estava encoberta por uma distimia? Será que não é fruto do seu trabalho de mudança? Será que você não quer admitir que pode ser feliz?

Vocês sabem que psicóloga adoram um “será”, né?

O importante é que não estou mais fazendo cera para cuidar da vida, assim que percebi que as capacidades corporais e cognitivas estão voltando, estou as usufruindo todinha.

A vida é um contar, quando estou mal conto, quando estou bem conto também. Assim vão somando os dias.

  • Título baseado na canção “O que será” de Chico Buarque.
    A foto é do Pixabay, site de domínio público, de onde baixo a maioria das fotos que há por aqui. Fica a dica. As fotos que são de minha autoria têm a marca d’agua do blog.
    Essa foto me lembrou o filme Mary Poppins 2 que assisti no cinema ontem com as crianças. Apesar de entender metade (e olha que estava em inglês, imagina em alemão), nós adoramos e eu o recomendo para uma injeção de ânimo e imaginação. Esse filme está passando no Brasil? Se sim, digam-me quais foram suas impressões que quero escrever sobre ele.

Esta obra está licenciada com uma Licença
Creative Commons Atribuição Não Comercial Compartilha Igual 4.0 Internacional

21 comentários

  1. Oh minha amiga! Sua alegria ecoa nas palavras e consigo senti-la claramente!!!! E assim vc deixou meu dia também com mais alegria!!! Viva a vida, com todas as suas imperfeições! E por isso também somos gratos! 🙏🏻

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  2. É a vida lhe sorrindo com toda a força, e a dor serve pra nos lembrar que somos humanos e como seres biológicos, precisamos respeitar esse corpo que habitamos, que é nosso templo e local de refúgio pra reflexão. Mas a dor passa, e a vida segue sendo linda. “e ele tomou um banho d’agua fresca/ no lindo lago do amor/ maravilhosamente clara a agua/ do lindo lago…”

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  3. Persistência e fé. Siga sua intuição. Faça coisas novas desafiadoras. Fale com estranhos. Viva ao ar livre. Tome chá de jasmim. Chore. Elimine aos poucos a medicação quando estiver se sentindo melhor e tenha paciência e esteja alerta para crises rebote, enfrente com amor, com amigos, com contemplação das coisas boas da vida. Quando um pensamento iniciar a tristeza, anote, reconheça os ‘starts’ e faça coisas quando eles vierem. Saia. Vá a um museu. Invente. Forte abraço e força.

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    1. Mara, estou nesse caminho aí, só preciso tomar o chá de jasmim. O bom disso tudo é que aprendemos ficar em estado de alerta e identificar quando o rebote vem. Sem dúvida o que me traz alento é contemplar a natureza e visitar museus. Agradeço cada palavra sua, abração.

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  4. Notinhola (Nossa Senhora no mineirês)… como fico feliz com este teu encanto minha querida amiga. Quando escrevi a poesia “O inferno e eu” queria falar justamente destas situações e de como vamos somando os dias. A gratidão floresce naturalmente nas suas ações e palavras, e perfuma nossa leitura com vida. E nós leitores somos somas desta gratidão! Beijo no coração

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