Se toque

Na formação, dentro do ventre da mãe, fiam juntos no mesmo tecido (*ectoderme) a pele e o cérebro.

Deve ser por isso que a maioria dos mortais gostam tanto do toque.

Tocar atinge mais do que a pele, vai no âmago das sensibilidades neurais, e eu acho que mais além, alguém dúvida?

Tocar produz uma descarga de ocitocina, hormônio do bem estar e da receptividade, o qual também dá-se início lá no parto e na amamentação.

Tocar produz mais empatia, vontade de ficar junto e demonstra respeito e devoção.

O toque é expresso desde o abraço, o segurar na mão de um adoentado, o apoiar o ombro de um enlutado, a massagem, até o almejado orgasmo.

Acontece que hoje em dia estamos vivenciando uma época de não me rele, não me toque, amplificado por muito álcool gel e regras de distanciamento social.

“Mesmo quando o corpo pede
um pouco mais de alma

Eu sei
A vida não pára

A vida é tão rara”

Lenine – Paciência

Eu sei, isso também vai passar: a pandemia, as restrições, as justificativas, mas, até lá quem nos tornaremos?

Tomara que não normalizemos o distanciamento normose, normose, normose, lembrei do meu poema Frankensteins Modernos de 2017.

Tomara também que as visitas e as conquistas façam parte de nossos nascimentos diariamente.