Escalada

De degrau em degrau
Escalamos
O foco é a vista
No topo da montanha
É tão amplo o horizonte

Que com os pés no chão
Pouco podemos contemplar
Algumas montanhas
São áridas e pontiagudas
Outras escorregadias e perigosas
Nada limita quem decide
\O escala.dor/
Sozinho segue
Com confiança na mochila
No ápice
Há a integração
Sonho e visão
Desejo e realização
Vidente e regente
No silêncio
Da conquista

Depois de ver o reino
Hora de descer das nuvens
O corpo precisa de alimento
Descanso e acalento
Triunfos vindos na interação com outros seres
Cuidado onde põe os pés
A firmeza e a delicadeza se revezam nas mãos
Na mente os conselhos do Pai
Descer é mais difícil
Porque na terra habita a morte
Mas na Terra há também todo o sustento
Da fértil Mãe

“Não só de paisagens
Vive o homem
Mas de toda palavra
Que faz brotar a paz”

Encontrei uma caverna no trajeto
Pisei numa estalagmite
Chorei no pó
Um patrimônio da humanidade
Que se desfez para eu pisar em terra firme
A corda me segurou
Acordei
O cordão de prata
Brilha no meu coração
E mantém a vista panorâmica acesa
São 44 anos de tentações
Na busca de afinar os sentidos
Entre o céu e a terra
A fala, a atitude, o exemplo
Cada passo
Reverberam
Além das montanhas.

Prosa poética com base no onírico e na espiritualidade como:

• sonhos e exercício de mandala,
• conceito espírita que diz que o corpo físico é ligado ao corpo astral por um cordão de prata,
• algumas passagens bíblicas como o “Sermão da Montanha” e a “Tentação no Deserto” que mitologicamente estão impregnadas em nosso inconsciente coletivo.