
por Luciano Alberto de Castro
Não saberia dizer, num ato, quem sou eu
E acho que nem existe, de fato, esse eu entidade única
Em mim, por exemplo, há vários deles, coexistindo desarmonicamente
Vejo-os contraditórios, incongruentes, vizinhos que vivem às rusgas
Eus aparentes, bem educados, lapidados pela conveniência
Eus honestos, responsáveis, que não gostam de se atrasar para o trabalho
Eus lascivos, permissivos, eivados da lícita concupiscência
Eus bondosos, afetuosos, capazes de se encantar com uma simples florzinha dos matos
Eus meninos, timoratos, desamparados, querendo colo de mãe
Eus irascíveis, impacientes, sem tempo e saco pra escutar
Eus individualistas, caramujos presumidos, travestidos de falsa modéstia
Eus casuístas, especiosos, totens do egoísmo fisiológico
Eus que na verdade são nós
Nós que na verdade são meus
Eus que na verdade são sós.
Ótimo, né?! Essa poesia foi originalmente publicado em Fiftiesmais. Conheci o Luciano Alberto de Castro uma oficina de contos que fizemos com a escritora Marina Colasanti há alguns meses atrás.
Quando li essa poesia, automaticamente lembrei da música “Me curar de mim” de Fraira Ferro, que fala desses muitos eus que habitam em nós.
🎶🎶🎶Sou a maldade em crise
Tendo que reconhecer
As fraquezas de um lado
Que nem todo mundo vê…
Fiz em mim uma faxina
E encontrei no meu umbigo
O meu próprio inimigo
Que adoece na rotina…
Sou carente, amostrada
Dou sorriso e sou corrupta
Malandra, fofoqueira
Moralista, interesseira
E dói, dói, dói me expor assim
Dói, dói, dói despir-se assim
Mas se eu não tiver coragem
Pra enfrentar os meus defeitos
De que forma, de que jeito
Eu vou me curar de mim🎶🎶🎶
Reconhecer é o primeiro passo para a evolução. Nosso teatro na Terra é se sentir maior ou menor na encenação. A cura está no centro, no precioso compartimento: o despido coração.
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totens do egoísmo fisiológico… Vixi!
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Forte!
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Sim!
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Oi Cris,
Gostei muito de ver o meu poema divulgado no seu blogue: um espaço poético encantador.
Obrigado pela deferência.
Abraço!
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Oi Luciano, também agradeço à você por ser poeta, esse ser de alerta em função de alertar quem quiser ouvir. Abraços.
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