De olho na criança

Quando recebi aquela criança, achei que não fosse dar conta de carregá-la, estava muito pesada. Ainda assim, seu sorriso cativou-me.

Tive a impressão de que ela era uma matrioska. Com muito esforço coloquei-a
em meus braços. Aos poucos fui me acostumando com o peso, ou, quem sabe, a criança foi ficando mais leve mesmo.

Andavamos juntas para cima e para baixo,
agora ela já fazia parte dos meus mais singelos abraços.

As pessoas não entendiam o porquê não nos desgrudavamos um segundo, tentavam me dissuadir, distrair, desiludir daquele mini ser. Quanto mais tentavam, mais nos ligavam.

No parquinho uma estranha deu-me uma chupeta e queria que nossas crianças brincassem juntas. Senti uma agonia no peito – o ponto da intuição – o que foi comprovada quando aquela moça entregou-me seu telefone, de imediato o papel rasgou entre nossas mãos, ficando metade com cada uma, a fulana fugiu, sem deixar rastros.

Enquanto eu tentava entender o que tinha acontecido, sentou do meu lado uma mãe e constatou, isso é um dedal, não uma chupeta. Se der para a sua criança vai matá-la. O que você faz com ele? Dê-me aqui que eu faço coleção. E, logo foi colocando aquele objeto de plástico numa caixa transparente junto com os demais.

Atordoada com tantas informações desencontradas, olho para o carrinho, a criança não estava mais lá. Desesperei. esperei, respirei…

De repente, olho para trás e vejo que a criança começou a andar na praça, vi seus primeiros passos!

Daqui a pouco vi que não era mais um bebê, mas sim uma menina ativa que já conseguia comandar os seus passos, em pé de igualdade, na Terra.


Vamos aos fatos:

Esse sorriso maravilhoso na foto é do meu sobrinho, o mais novo membro da família♡ Hoje foi dia dele tirar o gesso do braço, e como de praxe esse sorriso veio nos iluminar♡

O texto foi baseado em um sonho, na mesma noite que li a frase do psicanalista Contardo Calligaris. Não é o meu sonho literal, é uma ampliação do sonho, um exercício que aprendi fazer na Psicologia Transpessoal.

A ampliação dos sonhos em forma escrita consiste em anotar o sonho com os detalhes que você lembra, buscando resignificância, numa escrita livre, sem se preocupar com o significado, gramática, racionalização, moralismo, e tudo o que te impeça de chegar na sua sabedoria interior.

Para o psicólogo Carl Gustav Jung os sonhos são mensagens do Inconsciente, podem ser inaugural, arquetípico, compensatório ou premonitório. Leia mais  aqui.

Anotar os sonhos e estudar os seus simbolismos é uma forma de autoconhecimento, alívio das tensões e pressões, maneira de compreender como o inconsciente individual e coletivo nos afeta.

Você está segurando bem a sua criança? Está lhe dando carinho e colinho? Ou está na hora de deixar a sua criança crescer?

Como é ser adulto se sua criança interior está perdida, sofrida ou desiludida?

Estas são respostas muito sonhadas…


Queridos leitores,

Acredito que esses tempos foi a época que mais sumi daqui. Estou, digamos, cuidando da vida real e suas demandas, podendo socializar sem receio de ser incompreendida (pelo menos não pela língua). Também tenho desbravado lugares fantásticos desse nosso lindo Brasil, e a vida tem me levado por caminhos inimagináveis. Espero que tudo esteja bem com vocês. Abraços fraternos.


4 comentários

  1. Acabei de voltar ao blog e encontrei sua história muito comovente sobre a garota. Tenho certeza que com sua vasta experiência, suas viagens pelo interior do Brasil serão uma experiência maravilhosa e poderemos gostar de ler você.
    Buen domingo Cristi.

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    1. A-ha! Que bom ver você aqui. Também preciso retomar as leituras, a escrita e os bate-papos. O Brasil é mesmo formoso, estou certa que sua terra também. Todo lo mejor para ti ahora y siempre🙋🏽‍♀️

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  2. Realmente seu sobrinho tem um sorriso encantador, Cristileine… adorei o exercício da escrita. Também andei sumido por mais de ano do meu blog por diversos motivos e entendo perfeitamente… a vida real é sempre intensa. Que seu domingo seja de bênçãos… beijo no coração!

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