Uva, vinho e vida

Ta-i-úva / Vi-nhe-do

Taí, minha filha viu uva e vinho no meu caminho, e ainda complementou: “É a uva que amadureceu para o vinho.”

Gargalhadas à parte, ficaram as metáforas metafísicas. A uva precisa ser pisada para virar vinho, o vinho, quanto mais velho, melhor, nem por isso deixa de conter álcool, que inebria, alegra ou destrói.

O processo vem da Terra, pode ser verde ou violeta, chama que cura, apura, transmuta, transforma.

Na transparência da taça é que começa o sabor, aromas no ar convidam as papilas gustativas a novas experiências de vida.

Faz tempo que não bebo, mas hoje uma amiga do coração, que encontrei em terras vinhedenses, completa cinquentão. Sabe aquela amiga que faz você aterrar, partilha suas canções e reclamações, e te orienta até com o olhar?

Uma virginiana vidente, ou melhor, daquelas pessoas tão práticas que nem precisam de adivinhações para cheirar a realidade. O valor da amizade excede os brindes, e estou muito feliz por estar aqui hoje e abraçá-la.

Talvez o beberico seja com água aromatizada com alecrim, e que vou escutar muito, risos. Nada contra a bebida, mas têm fases da vida que estar sóbrio é fundamental. No fundo sabemos que mais do que a uva e o vinho, é a presença e a colheita em ação.

Entre outros cantos, na maratona do destino, já morei em Taiúva, já morei em Vinhedo diversas vezes, nenhuma parreira e nenhum barril são tão bons quanto o encontro de dois corpos que fazem tim-tim  à vida.

Agora, voltando ao tal amadurecimento dito por minha filha, diga aí, qual será minha próxima estação?

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