Medo

Você tem medo do quê?

Uma das coisas mais apavorantes para os pais é ver os filhos dominados pelo medo.

Por uma série de fatores como:

  • se sentir limitado diante da situação, já que essa luta é pessoal e intransferível.
  • lembrar dos seus próprios medos de quando tinha aquela idade, e hoje saber o tanto que muitos deles se tornaram pequenos.
  • querer convencer o filho que aquilo é uma “bobagem”, sabendo que não é.

Pois bem, já contei para vocês sobre meu medo de gato nesse post aqui, o qual hoje está relativamente superado.

Já o meu filho tinha medo de cachorro, por volta dos 6 anos, dois cachorros correram atrás de nós quando voltávamos do parquinho do condomínio. Virei uma fera enfrentei os cachorros e o dono. Nada mais sério aconteceu no momento, exceto a descarga de adrenalina e a irracionalidade dos adultos…

Passado algum tempo, eis o trauma, o garoto não chegava perto de cachorros, não ia em ambiente que tinha esses animais, ficou recluso e acuado. Se forçassemos a barra era suador, corpo tenso, mãos no ouvido e dor na barriga. Nem ao menos a amabilidade e companheirismo do nosso cachorro o fazia dissuadir daquela imagem…

Resultado, fomos parar na psicóloga, assim que a descobri a primeira profissional que tratou da minha depressão via online aqui na Alemanha. Ela fez um belo trabalho com ele explicando como identificar as feições dos cachorros bravos e dos mansos; e o que deveria fazer em cada situação, fugir ou brincar. Disse também que não são só os cachorros que dão sinais, os homens também. Risos.

Com o tempo esse medo foi decrescendo, hoje podemos visitar amigos que tenham cachorros sem constrangimento, e ele até pede por outro cachorro já que o nosso virou estrela.

No mês passado, olha eu lá em outra situação, agora com a menina que tem medo de injeção. Ela tem forte alergia respiratória e precisava tirar sangue para descobrir o reagente e começar o tratamento.

Foi aquela cena, choro, recusa, vontade de vencer o medo, falta de coragem; segurei a mão, dei palavras de incentivo, fiquei brava, orei, sai de perto… passado 45 minutos o médico e a assistente desistiram de tentar.

O pior de tudo foi olhar para o rosto dela, ver instalado o pavor e não poder fazer nada. Sai de lá me sentindo frustrada.

Passado uns dias foi a vez do pai, ela mesmo pediu o retorno. Tudo se repetiu, sairam de lá pior do que entraram…

Houve um choque cultural, o médico foi incisivo em dizer que se ela não quer, tem que arcar com as consequências. Que com dez anos ela já sabe o que quer…

Os alemães dão muito mais autonomia e responsabilidades para as crianças do que os brasileiros. Já nós somos protetores porque sabemos que as consequências são para todos e não queremos ver um filho doente.

O impasse era (é) insistir ou desistir, prevenir ou deixar ver o que acontece. Enfim, problema não resolvido ainda.

O medo me fazia arrepiar e querer fugir dos lugares que tinham gatos. O medo fez meu filho se calar e paralisar. O medo faz ela gritar e chorar descompensadamente.

Esses são medos reais e identificados. Que temos como reformular. Fico pensando naqueles medos inconscientes que nem queremos assumir…

Trouxe esse assunto aqui porque às vezes não respeitamos o medo dos outros e nem os nossos. E o pior, às vezes acostumamos com eles e levamos uma vida limitada.

Cachorros na Alemanha

Voltando ao medo de cachorro por exemplo. Cachorros aqui têm muito respaldo social: há escolas comportamentais (quase não se houve latidos e eles não se estranham quando se encontram na rua); cães podem entrar em alguns estabelecimentos comerciais como shoppings e restaurantes; muitos andam livres nas praças, sem coleiras, etc.

Há tanto amor com esses bichinhos que o dono nem percebe que alguém pode ter medo, desencadear toda uma reação corporal e perder o controle.

Então, fica aqui duas questões:

O que o medo faz com você?

O que você faz para poupar o medo do outro?

E um pedido:

Alguém têm dicas para o medo de injeção?

Não havia esse capítulo no curso de formação dos pais e filhos.

Curiosamente achei esse artigo no jornal do bairro sobre ajuda contra o medo de cachorros. Vou traduzir os 5 pontos essenciais, segundo uma professora da escola de cães.

  1. Não olhe nos olhos
  2. Movimente silenciosamente
  3. Não corra
  4. Observe a postura (os sinais)
  5. Enfrente o medo


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23 comentários

  1. Com a história dos medos, ele me devolveu mais de 30 anos quando nossos filhos eram pequenos. Houve vários medos. Para aranhas, para a praia e para altura. Pouco a pouco eles foram superados com ajuda profissional e tivemos as anedotas mais curiosas que só as crianças podem nos deixar. Seu artigo é muito bom. Eu gostei de ler.

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    1. Minha tia é assim. Para passar andando por cima de uma passarela de carros, eu tive que ir a guiando pelas mãos porque fechava os olhos… Agora o “me deixa cá umas ganas de pular” é um tanto quanto fatal. Se cuida Jauch, tanto nos altos quanto nos baixos. Abração 🤗

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  2. Já tive experiência com cães, gatos, hamster e peixes. Peixes, custou-me ter, duram pouco tempo e depois é sempre triste o seu fim. Hamster, o bicho não fazia muita coisa, estava preso num espaço muito pequeno (embora hoje já existam aquelas bolas que eles podem correr pela casa, não teria outro). Entre cão e gato, pense bem, ambos são fantásticos, de momento tenho dois gatos irmãos de nascença (tive dois para fazerem companhia um ao outro, tive receio que quando nos ausentássemos de casa o bichinho pudesse se sentir triste, assim tinha companhia), o gato adapta-se muito bem num apartamento. O caso do cão, são mais fáceis de educar e creio serem menos teimosos, mas depois é necessário levar à rua e têm outro tipo de necessidades.
    Mas ter um novo membro, vai ver que é uma experiência fantástica, seja ele cão ou gato 🙂

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  3. A melhor das cinco dias… não corra… mas, é tão difícil não correr… já corri de um boi quando criança e me safei por um triz… tinha uns 9 anos… até hoje sonho com a carreira e com chaleira de leite que levava para casa amassada pelo furou daquele boi… e como contar em casa que não havia levado o leite para os irmãos menores… e o medo de apanhar de minha mãe… este também era sempre real…

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