Eu tenho um sonho
Que habita entre
As verdes montanhas
E as minas saqueadas de Minas/
Logo ali
Diante da quietude
Perto das nascentes dos rios
E das curvas na cerração/
Onde brotam palavras
Com plenitude
Formando os ritmos
Com maestria/
DIVINO prado e PÓLIS
Que sustém os pés de Adélia
Como cuidam dessa mãe?
Que há mais de oito décadas
Traz à tona o que é vital
Para a alma humana
Poesia
O que nos difere dos répteis
E nos fortalece
Diante das rupturas e rapturas da vida/
Hoje olho para a “Bagagem”
De tudo o que já vi, vivi, respirei
E estou certa de que
Sem poesia
Eu nada seria
Com força nutriMental
Que habita em nós
Partilho
Eu tenho um sonho
De conhecer em vida
Adélia Prado.
Mãe , esposa, dona de casa, escritora e professora, Adélia Prado nasceu em 13 de dezembro de 1935 em Divinópolis, Minas Gerais.
Teve seus poemas reconhecidos pelo poeta Carlos Drummond de Andrade. Após esse evento sua literatura passou a ser amplamente divulgada. Hoje, Adélia Prado é uma das poetas vivas mais lidas no Brasil.
Seus poemas abordam principalmente sobre o ser feminino, a humanidade e a espiritualidade.
“Bagagem”, de 1976, foi o primeiro livro publicado porAdélia Prado quando ela tinha pouco mais de 40 anos.
A poeta (sim poeta e não poetisa, como ela mesmo diz, poeta termina com o feminino A) ficou sem publicar por mais de cinco anos na década de 90, entrou no que chamou de “silêncio poético”; em outras palavras, afastou-se para cuidar da depressão como relatado em algumas entrevistas.
Saiba mais dessa poeta nesse vídeo da Assembleia de Minas Gerais, feito no ano passado:
Fique com esse poema de Adélia Prado
ENSINAMENTO
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.Não é
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.