Quarentona na quarentena

Eu sou

mulher, mãe, dona de casa e tenho pouco mais de quarenta anos. Vivo no século 21, longe do país que nasci e atualmente o mundo passa por uma quarentena que se estende desde o final de 2019.

Posso relatar o que me acontece dentro dos papéis que me cabem e até onde minha consciência e experiências conseguem alcançar.

Então, para mim o serviço doméstico cresceu na mesma proporção dos dias de pandemia: louças, roupas, refeições, desinfeção de banheiros e mãos. Todos em casa: bagunça e barulho demais. Adolescentes com seus hormônios gritantes. Marido o dia todo em conferências em línguas que pouco consigo decifrar.

A sorte é que antes mesmo dessa zona de conforto universal ser mexida, eu já estava cuidando de mim, da saúde mental, praticando exercícios, buscando espiritualidade e praticando a alimentação saudável.

Mesmo assim, sinto que estou gastando muito mais energia que antes e a recuperação é lenta. Será o metabolismo? Risos.

Antes eu estava cheia de planos, inspirações e motivações, tanto na escrita quanto na vida pessoal. Agora luto para a chama não apagar, para as crenças limitantes e sombras não me dominarem, para amansar o ogro e o egoísmo que há em mim, para vislumbrar um futuro poético e não patético.

Têm dias que dá vontade de sumir, mas se a vida que AQUI conhecemos acontece entre o nascimento e a morte, cabe a nós mesmos (e não a outrem) buscar recursos para que ela seja cheia de graça.

Redes Sociais

Hoje recebi um comentário bem animador de uma leitora, e escritora aqui na blogosfera: Rita Cidreira, lá no meu perfil do Instagram:

Viva!

O que quero dizer com isso é que não basta viver por viver, precisamos de qualidade de vida. Qualidade! Qualidade! Qual idade você foi mais feliz?

Fico pensando na condição da mulher nos tempos atuais. Hoje enviei essa mensagem abaixo no grupo de família do whatsapp. A sogra simplismente adorou, deve ter ressoado na alma dela.

Autor desconhecido

Saberemos sobre respeito e gratidão ao feminino quando isso for refletido na natureza, afinal a Terra é a mãe que une todos nós.

Até lá é luta e confusão: mulheres que reprimem seu lado feminino para se adequarem à demanda mercadológica; mulheres que se acham inferiores, sem voz e presença; mulheres que fingem que não estão nem aí; mulheres que usam e são usadas…

A equinimidade se fará presente quando a mulher abraçar seu lado masculino com leveza sem abandonar o feminino; e o homem amar e cultivar seu lado feminino e dominar seu lado masculino com ternura.

No fundo, a alma não têm gênero, somos um, a separatividade é uma ilusão.

Sociedade matriacal e patriarcal

Na faculdade um dos trabalhos que mais gostei de fazer e apresentar foi para a aula de antropologia e falava sobre as sociedades matriarcais.

Pena que não guardei os escritos (naquela época a internet era apenas um bebê), e de cabeça sabem como é, achamos que digerimos tudo, mas só fica o que nos nutriu.

O fato é que em determinada época da história da humanidade as mulheres estavam no comando, como hoje são majoritariamente os homens. Esse modelo desgastou-se tal como o vento mudam as dunas de lugar. Cá chegamos no patriarcado, e a tempestade continua.

Poucos séculos atrás as escritoras nem podiam assinar seus próprios textos, tinham que ter a alcunha de um homem.

Atualmente a dominação é mais sutil e mostra suas discrepâncias através da economia e da política.

Nos congressos (executivo, legislativo, judiciário, acadêmicos) a maioria dos mandachuvas são homens fazendo leis universais.

Na economia é sabido que as mulheres ganham menos que os homens, mesmo tendo o mesmo grau de escolaridade e competências.

Já as que se dedicam ao lar são muitas vezes postas à parte da economia doméstica até que o provedor perca suas forças (lembram dos ventos?) e a administração financeira passe a ser mais uma das responsabilidades delas, estando elas preparadas ou não.

Esses são só poucos exemplos das combinações antisociais que podem acontecer…

Em suma, certo e errado, bom e mau, consciente e subconsciente, homem e mulher, tudo é relativo.

Quando ultrapassarmos essas barreiras veremos mesmo que o que somos é humanidade em busca de contemporarização.

8 comentários

  1. Oi, Cris!
    Paz e bem!
    Que lindo!
    Quando achar que a luz do dia e a escuridão se fez presente ascenda uma vela!
    Quando o dia se fizer presente e a escuridão se foi viva pelo dia e pela noite intensamente!
    Me orgulho de você! Você é meu exemplo de mulher e por ser um ser humano PORRETA todos os dias!
    Amo você!
    Parabéns!
    Beijos.

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  2. Bom dia, Cris. Não sei se sua amiga Rita, escreveu de propósito, mas, ao dizer-lhe para ascender uma vela, ela dá o real sentido da luz que sobe da vela. A vela acendida irá subir as chamas e em breve se apagará, já a vela ascendida irá se movimentar de baixo para cima, e mesmo que a vela derreta, as chamas continuarão a ascensão que te movimenta para a transcendência.
    .

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  3. Rubem Alves, gostava de dizer que nas festas de aniversário, costumamos apagar velas (referência ao s anos que se foram). Ele dizia acendamos as velas (pelos anos que virão).
    Neste caso ascender me pareceu muito sugestivo.

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