
Encontrei essa pena na última viagem ao Brasil, agora fica comigo no criado mudo…
Apesar de hoje viver num país onde a pandemia está sendo tratada com mais sensatez, eu não me sinto mais confortável, e não é só por preocupar-me com minha parentela, como também, por ver uma nação acuada, assustada e desorientada.
O que é fato é feito, estamos num momento crítico da história humana, não é hora de buscar culpados e ficar cutucando problemas, é hora de focar nas soluções que estão ao nosso alcance como:
- Aderir as medidas preventivas,
luva, cachecol e gorromáscara, álcool e isolamento. - Incentivar a própria criatividade (poesia), invenções e proatividade.
- Refletir nos dísticos da morte e nos porquês.
- Pensar qual será sua atuação quando as portas forem abertas; quando podermos voltar acarinhar nossos amados e enterrar nossos mortos; quando nossas máscaras forem tiradas e tivermos uma multidão aos nossos pés atrás de pão e educação
Fechamento de escolas pode deixar 70% das crianças sem ler corretamente – reportagem DW 17.03.2021
Indiferença, alienação e terceirização já vimos que não funcionam, são caminhos que nos levaram onde estamos agora.
Acorde Brasil :
verde – cura
amarelo – alegria
azul – harmonia
branco – paz
Para dar um tom de desperte nessa bandeira acolhi duas poesias viscerais da blogesfera que quero compartilhar com vocês.
DÍSTICOS DA MORTE – poesia para tempos de sangue
A família no supermercado
passa o vírus por atacado
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A política da morte
é brasileira e forte
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Com seu nariz à mostra o idiota
aspira a morte do compatriota
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Corre o governo da chacina
os mortos não sonham com vacina
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Consumidor morto não volta
mas o patrão não se importa
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Fé e indiferença
comungam nessa mesa
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Maldita economia
com a barriga vazia
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Milhares de vozes sem ar
e você nem saiu do bar
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O governo vacina a conta-gotas
no entanto o povo bate as botas
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Os assassinos armados
não vêem caixões fechados
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Patriotas da cloroquina
morrendo secos na surdina
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Sem máscara nem isolamento
você na festa de casamento
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Shoppings de indiferentes
são covas de indigentes
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Ratoeiras motorizadas pela cidade
multidões contaminadas contra a verdade
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Regurgita mi mi mi o presidente
que espera que você morra contente
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Vermífugo mental
com máscara anal
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Um estado de usurários
desmascarados e apoiados
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Morreram todos tá tudo escuro
O Brasil é o país do futuro
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Autoria: Roberto Dutra Jr do blogue Zona da Palavra
Por que não?
Os homens de cores policromáticas incendiaram o palácio das estrelas costuras na carne de meu povo embriagado.
Chamem os magistrados!
Senhor, eles não.
Chamem os congressistas. Senhor, eles não.
De covas longínquas, falsos heróis saíram, proclamando a fúria de uma terra cercada de miséria e ilusões.
Becos e vielas tornaram-se trincheiras contornadas de gritos e fumaças escuras advindas da alma de uma dança da multidão.
De perto, vislumbrei a arte demoníaca orquestrada pelos heróis nacionais – a converter os ossos da minha gente em palanques oficiais.
E, de repente, gritei:
Chamem a polícia!
Senhor, eles não.
Chamem os ministros do STF! Senhor, eles não!
A terra verde e amarela tornara-se da cor de um sonho aniquilado de uma criança morta pelos tiros dos salvadores da pátria.
Por que não?
Porque eles são parte da festa, senhor.
Autoria: Pedro H. Altafim do blogue Moinho Minguante

Seu texto como sempre muito inspirado e lúcido. Os dois poemas: são muito bons. O primeiro pode ser processado pelos adjetivos usados. O segundo vai no mesmo riscado. A sorte que os citados não entendem nada de po-ética.
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Eis nossa sub_aversão.
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Muita força Cris!
Um abraço.
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Perfeita sua análise da situação desse povo “tupiniquim”, mas que ainda vai crescer e aprender … um dia…
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É o objetivo de todos nós aqui na Terra, saibamos ou não.
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Isso mesmo
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