
Se você tem quem te empresta os sapatos e vai embora descalça, você tem tudo!
É nas dificuldades que realmente conhecemos as pessoas, o que elas pensam, falam, fazem… se são presentes ou disfarces.
Hoje o que era motivo de vergonha transformou-se em risos e contos para a vida inteira. Foi dia de vestir as “sandálias da humildade“. De novo o sapato aqui dessa “madame européia” se desfez nas andanças.
Têm calçados que não suportam as mudanças de estações, o tempo descobre tudo, tudo. Mas, ainda assim, eu insisti em colocar aquele calçado… mania de quem acreditava em Cinderela.
O trem na hora de partida, iniciei a corrida, descalça e manca, equilibrando em um salto só, já que o outro se desfez. As amigas correndo atrás, não sabiam se se despediam, se me abraçavam, e riam em uníssono com os passageiros do trem. O guarda da estação ficou bravo e chamou nossa atenção para falarmos baixo.
Uma delas foi resgatar os restos do mortal sapato e me entregou; a outra ficou atônita, nas mãos presentes e resto de bolo de seu aniversário; a outra tirou seu sapato, me deu “espero que sirva” e foi embora descalça.
Foi tudo tão rápido naquele começo de noite. Sentei, não sabia se calçava ou se comprava o bilhete do trem, nervosa, o guardinha sentado do meu lado. Apneia! Coloquei o Mocassin em cima do resto da Anabela (vide a foto). Comprei o bilhete no app do celular, apresentei para ele, respirei, respirei, respirei.
Lembrei que esse mesmo evento me ocorria pela terceira vez, o que não se resolve se repete. O sapato desgastado, esfarela. A pessoa muito pisada, se desvela até achar o caminho.
Só então me dei conta do que tinha acontecido, era o Universo dando o seu recado:
O que é mais importante agora?
Subir no trem e seguir a viagem, ou ficar se justificando para quem nunca conheceu a sua integridade?
A entrada foi triunfante!