Bruxa, quem não?

A bruxa foi uma mulher
Que ousou dizer não
De lá pra cá
É posta na inquisição
Todo dia
Seja boa menina, bela mulher, sábia anciã
Bruxas sabem há muito tempo
Bondade não é servidão

Que feia essa fêmea ferida
Que teima em enfeitiçar
Melhor mesmo seria
Os seus encantos negar
Nessa hora bruxa pega a vassoura
O chão não é o seu lugar

Voa para a florestas
Com poções medicinais
Faz sua festa
Recebe visita de João e Maria
E até da Bela Adormecida
Todos precisam se reconciliar
Com a própria bruxa
Que está a morar
No tal poço coração

Renegar a sombra
Não tem perdão
Há bruxas que se fazem de rainhas
E há reis que não têm noção
A todos o sopro fórmula
Estamos no mesmo caldeirão

“Que queixo grande vovozinha”
É pra acolher melhor suas queixas
Na face da Terra
Onde bruxas imperam
Desde a dança ritual à Primavera
Onde a primeira bruxa disse não
Para a cópula
Sangrou em menstruação

Foi expulsa da paranoia
Primitiva
Iniciou uma nova civilização
Da mulher selvagem
Cheia de panaceia
Ciente das fases da lua
Amante da escuridão

Bruxa é a mulher conciente
Que tanto cria e nutri vidas
Quanto caminha sozinha nos bosques
Com perfeita precisão.


Recentemente fiz mais um ano de vida e ganhei esse livro da minha bruxinha preferida @via_fortunata
Nesse final de semana tive uma aula da pós graduação bem inspiradora com @antonietamazon sobre o ser feminino.
Relembrei das aulas de antropologia onde estudamos sobre o período do matriarcado.
Essa poesia saiu do misto dessas três experiências: idade, amizade e conhecimento.

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