Campo de óculos escuros 

Às vezes estou com um óculos escuros que me veste da cabeça aos pés. Ele não foi feito para proteger meus olhos da luz excedente, mas para me deixar cega até das coisas que são boas para mim, das quais eu gosto.

Quando estou com ele não vejo mais nada de bom, tenho que lidar comigo mesma na escuridão, o que não é fácil.

Esse óculos escuros não sou eu, esse óculos escuro está em mim.

Posso ter ganhado da genética, do capitalismo opressor, da educação manipuladora, da falta de habilidade de lidar com os sentimentos e pessoas.

Não procuro mais motivos, procuro leveza. Eles são pesados suas hastes são afiadas, sua capa fincada no chão, seu material poroso, sua lente por vezes impenetrável. Eles são fortes me seguram e não me deixam sair do seu campo de visão.

Se alguém olha pra mim, não enxergo.

O que sinto com o peso dele não gosto de ver…

De certa forma eles me protegem, porque se fosse permitido usar meus olhos quando estou sem eles, quem recebesse meu olhar viraria pedra.

Mais uma pedra no campo de óculos escuros.

Outro fato bom é que depois de eu me debater com todas as dores até a exaustão, só me resta buscar a criatividade na solidão e no silêncio.

Esse criar, ainda bem, o óculos escuro ainda não conseguiu me tirar. Por mais que tenha tentado, estou a resistir.

Depois de muita luta, existem dias que como milagre aparecem forças vindas em mim, de mim e para mim. Forças do céu e da terra. Forças que eu nem sabia que tinha.

Saio do túmulo do campo de óculos escuros chamado depressão, e vivo outra vez.

Com outra visão de mundo, é  claro!

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