O papagaio de Dora.

Sinto falta de um animal de estimação. Desde que o Rirol foi embora, primeiro por causa da mudança e depois com a morte, pensei: nunca mais.

É muito sofrimento para os dois que estão fadados a conviver por curto período de tempo físico e longo período de distância…

Mas nesses dias fiquei pensando no papagaio de Dora. Os papagaios, ao contrário dos cachorros e de muitos humanos, vivem muito tempo. Em média de 80 anos. Fui descobrir isso quando Dora começou trabalhar lá em casa.

Então, que tal um papagaio?

Pensamento egoísta esse, querendo me poupar de sofrimento. E, se eu for primeiro. O que será do bichinho?

E eu fui. Mudei de país, muitos amores ficaram para trás, entre eles o Rirol e a Dora.

Ao contrário do papagaio, Dora é uma pessoa de poucas palavras, como eu,
ainda assim nos entendímos muito bem. Ela me ajudava na casa e sempre foi encantada com a menina dos caracóis. O que nos gerou uma relação de confiança e confidências.

Aliás só depois que a menina dos caracóis começou a falar, é que eu comecei falar Dora, antes era Doralice mesmo. Como essas crianças e a convivência nos ensinam o caminho do carinho.

Vira e mexe sou surpreendida com uma ligação da Dora aqui na Alemanha. Me pergunto porque não ligo também se tanto afeto ficou entre nós. Aí lembro de tantas ligações que não fiz, para a madrinha, para o primo querido, para as amigas do passado…

Aí percebo toda minha inabilidade de lidar com os sentimentos. Percebo, sou um animal em evolução, complexa e complexada. Sempre achando que vai ter outro dia, que o outro já sabe, etc e tal. Percebi também que tenho mais facilidade com a escrita do que com a fala (vou mandar esse texto pra Dora).

Até quando vou ficar me poupando do inevitável verbo amar? Que proteção é essa?

Se o amor simplesmente acontece e se vai. Que pelo menos as partes sintam e saibam que são amadas…

Estima Ação

Estima Ação

O papagaio de Dora não pára de falar isso na minha cabeça.

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Atribuição 4.0 Internacional

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10 comentários

  1. Falou de uma jeito super inteligente o que eu queria falar a algum tempo atrás, mas era mesmo sobre essa procrastinação de mostrar às pessoas que são únicas em nossas vidas, o quanto elas são únicas… Rlx, estamos no mesmo barco!kkk E corre pra ligar para Dora!

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  2. Veja bem: quanto ao assunto desta postagem, um galo que vive no quintal da minha tia Lígia adoeceu. Não comia, estava em má situação, pelo que minha prima Ana Paula, biólogA, levou-o a um veterinário que receitou o necessário, e há dois dias o galináceo reviveu, para sossego da tia solteirona de 83 anos, dedicada á família, aos gatos, galinhas, numa casa aqui em BH.

    Quando a Kika, uma poodle pequenina, branquinha, que viveu quatorze anos com meus pais, sem ter dado desgosto, faleceu, fez-se um silêncio comovente. Ela tinha sua cama, mas deitava-se na cama deles, aos pés deles, até que dormissem, e só então ela ia para a cama dela. Na noite de sua morte, não avisou: deitou-se no banheiro, e a encontraram ali: suave, sem queixas. Natural, de velhice. Há famílias que tomam um apego profundo. Continuo evitando.

    Um abraço.
    Darlan

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  3. Que lindo! Pura verdade.
    Ah..adoro papagaios! 😊
    Tá td bem agora. Só o curso intensivo q tem me tomado muito tempo. Só de deslicamentos leva 2 hs. Acho q esta semana vem post. Aquele com o quadro “vai mãe, vai”. Rsrs

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