Ondas de depressão

De uma vez por todas é bom que se esclareça o porquê reduzi em falar de depressão nos últimos tempos.

É porque já me sinto curada? É porque quero negá-la? É porque cansei? Não, não e sim.

Vamos lá, a tal da cura da depressão é algo bem subjetivo porque por mais que você tenha a possibilidade de ter tratamentos de ponta, nada disso é suficiente se não pôr um boa dose de empenho e dedicação contínua para manter-se bem.

E tem mais, após passar por uma depressão profunda, e perder o sentido da vida (que é viver), e achar que a morte é melhor que o corpo… você passa a entender que você até pode sair da situação de desespero, mas que as sombras continuam lá querendo ser vistas e ter seu lugar de direito. Nesse caso é melhor compreendê-las como ondas e não nadar nelas.

O Grito, Edvard Munch, 1910, fonte: Munchseet site.

Quanto a negação, você pode até recusar a depressão, suas causas e consequências, mas, isso não lhe exime de lidar com a realidade que muitas vezes é nua e crua e se apresenta diariamente.

Mesmo que a sociedade tenha colocado a nudez como pecado e oferecido vários entorpecentes de sabores (especialmente ao amargo) como aromatizantes, corantes, e drogas afins. Desde os ópios ilegais até as bem quistas como excessos de trabalho, de comida, de redes sociais. Negar não dissolve as ondas.

Agora pergunto: agir com negação resolve o dilema da depressão ou quaisquer outros que sejam?

Por que cansei de falar mais do mesmo?

Quando comecei o blogue foi uma forma de catarse, eu mal sabia que estava voltando para uma das principais ações que ilumina a minha vida, a escrita livre e intuitiva, o fazer poesia.

Depois disso virei uma leitora voraz sobre tudo o que dizia respeito de depressão, tudo que descobria dividia aqui nesse espaço com vocês.

Acontece que o foco numa coisa só te mantém mais ligada nela, te mantém naquela mesma frequência. Entendem?

Quando me dei conta disso recuei e resolvi me dedicar mais a ler e refletir do que escrever e publicar. Abri o leque de assuntos de leitura que vão desde filosofia e psicologia que sempre gostei, até espiritualidade (algo que negava quando em estado grave de depressão), veganismo, ayuverda, yoga, astrologia, eneagramas, e muito mais.

Isso tudo aumentou meu autoconhecimento e autoconfiança. Por outro lado, quanto mais consciência temos dos fatos, mais responsabilidade sobre os rumos da própria vida é demandada.

No meio disso tudo veio a pandemia e a onda de depressão mundial virou uma tsunami: incertezas, mudanças de rotina, mortes. Tornando a depressão bem perto e presente e não mais o assunto que se varre debaixo do tapete. Fomos forçados a lidar com as sombras.

Acredito que os assuntos saúde mental, interiorização e humanidade nunca foram tão falados quanto agora. Eu não quis surfar na onda pelo seguinte, não tenho muito à dizer além do que já foi dito. Há muitos sensacionalistas tubarões querendo chamar a atenção nos palcos das telas, sei que também há excelentes salva vidas com informações para quem sabe filtrar e não cair na rede. Você sabe?

Mas, o principal motivo deu não escrever tanto quanto antes sobre depressão é que lidar com essa dama aprendemos na prática, não há professor de natação bom o suficiente se você recusar o mergulho. Os caminhos para a melhora são muitos e individuais, demandam exercícios diários e olhar constante. Consistência e coerência são as pranchas de surfe.

A autodescoberta que estes caminhos podem nos oferecer são incríveis, mas, é preciso pagar o preço de ser que é.

Assim meu caro leitor que teve paciência de ler até aqui, diante dessas explanações e sabendo que nossa interação foi《e é》crucial para mim, gostaria de saber sua opinião sobre esse blogue:

  • Troco ou mantenho o nome Depressão com Poesia?
  • Qual assunto/tema que você mais gosta de ler por aqui?
  • Como eu posso te ajudar nessa maré?

12 comentários

  1. É uma questão complicada por uma razão: o nome já é uma marca, é uma identidade reconhecida. Trocar o nome sempre é possível por que não? Veja, no teu post já há indícios que desde antes os temas majoritários são outros, em particular a poesia. Penso, Cris, que vou ficar devendo uma resposta objetiva. Em três ocasiões mudei o foco do Chronos sem trocar o nome. E passei por momentos difíceis: mortes do meu pai e irmão e a seguir o câncer. Mas, preservar o que sempre foi um suporte foi importante. Talvez o Depressão tenha essa função para além do que era no início. Desculpe enrolar e não responder. Agora, se a poesia é tua alma, segue tua alma e com certeza estarás ajudando quem aqui chega. Um grande abraço carinhoso.💐☮️🌷

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    1. Bom dia Fernando, é incrível como podemos ajudar as pessoas mesmo quando pensamos que nossa palavra ou ação não terão serventia. Explico: seu comentário fez-me ver que apesar da depressão ser horrível foi a mola propulsora e que ficar ou manter o nome são simples detalhes. Seu comentário me fez ver que você teve que lidar com a morte e a doença e que apesar dos pesares manteve o sentido da vida. Imagino que nesse intermédio certamente teve que lidar com a depressão, mas soube “mudar o foco” e manter a essência. Obrigada mesmo, Fernando. E, parabéns por mostrar o valor de viver, vejo isso em suas fotos, história de vida e agora em seus textos que solta pouco a pouco. Te desejo paz, luminoso abraço de tulipas, Cris🌷

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  2. No futebol, dizemos que “em time que tá ganhando, não se mexe”, mas mudar a “disposição tática” do time, é perfeitamente plausível.
    Trocar o nome de teu blog, seria (exagerando), trocar o nome do flamengo por tramela FC, ele virou teu trade mark. Quanto a temática, tão presente nessa época de pandemia, solidão, luto e sofrimento, permite (suponho), que teu conhecimento (no futebol chamaríamos de cancha, bagagem etc), seria de enorme utilidade para aqueles bebem e ainda beberão da fonte de teu conhecimento sobre um tema tão espinhoso e, no teu caso, tão pessoal.
    Decisão duríssima e, portanto, pessoal.
    Só saiba que, ao escolhê-la, estará sempre pronta para um novo desafio.
    Tem cancha pra isso.
    Abraços e bom fim de semana.

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    1. Agora estou feliz tenho conselhos de norte a sul do país, risos. Por falar nisso, espero que tudo esteja se “normalizando” por aí referente à pandemia, afinal normalizando ainda é um pouco melhor que banalizando…
      Solidão, luto e sofrimento, anotado aqui, obrigada a dica de temas.
      Bom fim de semana também.
      Se cuide🙋🏽‍♀️

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  3. Acho que poderia mudar para ” Dê pressão com Poesia ” o que acha Cristileine? kkkkkkk Brincadeiras à parte, minha amiga… não vejo a necessidade da mudança do nome (como o Fernando bem disse, tornou-se uma marca) pois quem realmente te acompanha a mais tempo consegue perceber a variedades de temas que você aborda. Agora… se você quiser raspar o cabelo, pinta-lo de roxo ou fazer rastafari, que mal há? Ou seja, a mudança que fizer será sempre bem-vinda. Como posso te ajudar nesta maré? Mais? Particularmente, só tenho que agradecer por tudo! Obrigado por existir minha cara amiga… gratidão! Que seu fim de semana seja abençoado e feliz! Beijo no coração

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    1. Beijo no coração atravessam até as ondas do oceano. Seu comentário é importante para mim, você sabe disso e isso não é pressão de likes. Risos. Abençoado fim de semana também. Até mais.

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  4. Vamos lá, didaticamente (rsrsrs) coisa de professor:

    Nome: o nome atrai e isto do ponto de vista de marketing (é muito bom). Poesia com depressão jamais daria certo, mas, depressão com poesia já é em si terapia (pode ajudar muita gente a enxergar a depressão por outro prisma).
    Não sei se já leu alguma coisa de meu livro. Se já, deves ter percebido que uma das críticas levinasianas é a ideia de tema que tenta abarcar o todo na parte (não dá). Por isso, escreva poesias, não importa o tema…
    Escrevendo poesia… Ah! Curiosidade: qual seu número no eneagrama?

    Fraterno abraço.

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    1. Bom dia Estevam, de fato esse é um dos casos que a ordem das palavras altera o resultado.
      O seu livro não abre no meu kindle (só no celular) isso dificulta um pouco a leitura (tamanho da tela e das letras, luz forte e imprópria, etc.), mas devagar chego lá. Certamente ocorre o que aconteceu com minha 1° autopublicação, Flores cantam Poesias, o arquivo é grande e incompatível com certos leitores eletrônicos.
      Número 4, e o seu?
      Boa semana que nos chama🙋🏽‍♀️

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